A nossa viagem é pelos anos 30, nasce o debate entre o futebol de resultados X futebol bonito. O reinado inglês chegará ao ponto máximo e também sentirá às ameaças de perder a coroa, com o desenvolvimento em outras partes do mundo, como na Europa Central e Rio da Prata na América do Sul. Algumas das escolas mais apaixonantes do jogo vão ser dissipadas e nem a Guerra poderá apagá-los.

Confira à seguir uma lista com os esquadrões mais brilhantes da década:

1. Arsenal 1930-38
Preedy
Male - Roberts - Hapgood
Crayston - Copping
Hulme - David Jack - Ted Drake - Alex James - Bastin

O Arsenal foi o produto triunfante do seu tempo e das mudanças de sua época. As conquistas que fizeram de um clube até então mediano se tornar uma potência mundial caminharam ao lado das incríveis habilidades e ideias de jogo modernista que a geração Eddie Hapgood, Herbie Roberts, David Jack, Cliff Bastin, Ted Drake e o lendário escocês Alex James, foram capazes de traduzir. Por alguns anos, a melhor equipe do mundo e o mais vencedor jogo ideal de época. Nas concepções de Herbert Chapman, um fã do jogo escocês de passes, ocorre uma pequena mudança e faz toda a diferença. O treinador queria que seus times reproduzissem a sutileza e a inteligência como essência de jogo, para o time passar mais tempo no ataque. Estimulava sua equipe a recuar sem a bola, não para sofrer pressão, mas para possibilitar contra-ataques. Preferia também os passes por dentro e não pelas pontas. "Eram mais mortais, ainda que menos espetaculares" dizia. Quando o Arsenal venceu a FA Cup sobre o Huddersfield (2x0), o W já tinha sido adotado no sistema e o desenho tático estava claro. Agora quem marcava os pontas eram os zagueiros, não os médios laterais. E quem marcava os meias-atacantes por dentro eram os médios-laterais, não os zagueiros. O centromédio era um defensor a mais, lidava com o centroavante e os meias-atacantes recuavam: o 2-3-5 havia se transformado no 3-2-2-3, o WM.  "O segredo não estava em atacar, mas em contra-atacar. A ideia era tirar o melhor de cada um e que tivessem um respiro, para sempre ter um homem a mais em cada área do campo. (...) No Arsenal, nós recuávamos deliberadamente para atrair o rival e afunilarmos na defesa. Seguramos o ataque no limite de nossa área, e aí saímos em velocidade e com longos passes para nossos pontas” escreveria Joy no livro sobre a equipe. A primeira conquista na Liga Inglesa foi em 1931, o Arsenal foi campeão com sete pontos de vantagem, em 42 jogos marcou 127 gols (média superior a 3 por jogo, recorde do clube por uma única temporada, com diversas goleadas: Aston Villa por 5x2, Chelsea 5x1, 7x1 Blackpool, 9x1 Grimsby Town, 7x2 Leicester, 5x0 Bolton, vitórias sobre Man United por 4x1 e Liverpool por 3x1), e a defesa sofreu apenas 59, a melhor da competição.
A consagração da época 1932-33 foi com 25 vitória e 8 empates nas 42 jornadas, a artilharia foi de 118 tentos, sofrendo apenas 61, um saldo absurdo de 57 proveitos, em grandes apresentações como nos 5x0 Aston Villa, 6x1 Sunderland, 8x1 Leicester, 7x1 Wolves, 9x1 Sheffield, entre outros. Na época seguinte, o Arsenal forneceu sete jogadores (F.Moss, G.Macho, o capitão E.Hapgood, W.Copping, R.Bowden, T.Drake e C.Bastin) para a Inglaterra, para um amistoso contra a Itália, campeã mundial, numa contribuição recorde que permanece até hoje. O alto padrão mantido garantiu mais uma conquista em 1934 (25 vitórias, 9 empates e 8 derrotas nos 42 jogos), mas a morte de Chapman foi sentida.
Até aquela época no Campeonato Inglês, somente o Huddersfield Town, justamente a equipe que Chapman treinou, havia conseguido um tricampeonato. Seria com o Arsenal que esse feito seria revivido em 1935: 115 gols em 42 compromissos, a defesa sofreu apenas 46; foram 23 vitórias (Liverpool 8x1, Blackburn 4x0, Birmigham 5x1, Tottenham 5x1 e 6x0, Chelsea 5x2, Wolverhampton 7x0, Leicester 8x0, Middlesbrough 8x0, etc.) e 12 empates. Ted Drake foi o artilheiro com 42 gols na liga, recorde do Arsenal para uma única temporada. Os jornais descreviam que o “time se aproximava da precisão de uma máquina”, e pela rápida transição da defesa para o ataque, dotava de um estilo funcional. Sobre estilo de jogo da equipe, descreveram: "era puro séc XX: polido, entusiasmante, espetacular, econômico, devastador". Nas épocas seguintes o clube ficou sem a Liga, mas voltou a triunfar na Copa da Inglaterra em 1936. Após dois anos, o team londrino voltaria ao topo da Inglaterra pela quinta vez em 1938 (21 vitórias e 10 empates para 42 jogos), se tornando um dos maiores campeões do país que inventou o futebol. Aquela altura o Arsenal já estava bem modificado de sua fase áurea, sem os pensantes Alex James (dos mais geniais do período) e David Jackson.


CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Campeonato Inglês (5x) 1931.1933.1934.1935.1938.
Copa da Inglaterra (2x) 1930.1936.
Supercopa da Inglaterra (5x) 1930.1931.1933.1934.1938.


2.   Juventus 1930-35
Gianpiero Combi
V.Rosetta - U.Caligaris(A.Foni);
M.Varglien - Luis Monti - L.Bertolini;
Ministrinho(F.Munerati) - G.Varglien II (R.Cesarini) - Felice Borel II - Giovanni Ferrari - Raimundo Orsi

 
Desde que o grande empresário Edoardo Agnelli assumiu o controle da Juventus em 1923, junto do vice Barão Giovanni Mazzonis, foi iniciado um processo de revolução estrutural e força no clube, impactando todo o futebol na Itália. Os Bianconeri haviam vencido apenas dois Scudettos (1905 e 26) em sua história, mas na primeira metade dos anos 30 fariam uma dominância histórica que por muitos anos jamais foi repetida: período conhecido como os "Cinco Anos de Ouro". Comandados por Carlo Carcano, os craques Orsi ("feito de inspiração e imaginação"), Caligaris, Monti, Cesarini, Varglien, Bertolini, Ferrari ("Giuanin não é um corredor, mas tem pés de ouro e cérebro fino") e Borel II, fizeram da Juventus e da Itália o melhor futebol do mundo. Os correspondentes locais descreviam "a força e o excelente estado físico de seus jogadores" como diferenciais do estilo de jogo na Itália pro resto do mundo, mas a Juve acrescenta “substancia, o brilho técnico do jogo sul-americano". A primeira conquista da série A em 1930-31 marcou uma equipe equilibrada, que alcança 25 vitórias, 5 empates e perde apenas 4, Orsi (20x) foi o melhor marcado do ataque de 79 gols. No Bicampeonato em 32, a Juventus fez valer o melhor ataque (89 gols) para superar a corrida contra o Bologna de Schiavio (54x50), alcançando 24 triunfos e 6 empates em 34 rounds, mais uma vez destacaram-se Orsi e Ferrari. A supremacia no terceiro título consecutivo na Bota foi com 8 pontos na frente da Internazionale, marcou uma equipe que além do melhor ataque de 83 gols e o artilheiro Felice Borel(29), tinha uma defesa intransponível com Combi-Rosetta-Caligaris e a proteção de Luis Monti, que juntos sofrem apenas 23 gols. No período em que a Itália conquista a Copa do Mundo, a Juventus era a base principal da Azurra, e vence o quarto título seguido no cálcio, com 23 êxitos em 34 jogos e muitas goleadas (4x1 Livorno, 6x1 Casale, 4x0 Torino, 5x0 Fiorentina, 8x1 Genoa, 5x1 Brescia, 4x0 Milan, 5x1 Padova e 4x1 Bologna), marca um ataque arrasador com 88 tentos e 4 pontos de frente na arquirrival Internazionale, com Borel mais uma vez sendo artilheiro (32), usando da preparação física do preparador Guido Angeli, o mesmo da Itália. O mais difícil dos títulos foi justo no Pentacampeonato em 1934-35, 18 vitórias, muitos empates (8) e decidido nas últimas rodadas, pesando mais uma vez a defesa de granito no combo Valinasso-Rosetta-Foni e Monti, vazados apenas 22x, com 2 pontos de superioridade na arquirrival Inter, tendo-a vencido por 1x0, gol de Ferrari no turno inicial, e empatado no segundo. Por ser uma geração que além do domínio interno foi a base principal da Seleção Italiana, possui credenciais de melhores do mundo. "A Juve já se tornou a Dama do futebol italiano. Amado em toda a península, porque em todos os lugares os apaixonados por futebol se reconhecem nesse grupo como protagonistas de uma corrida vitoriosa que durou cinco anos".

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Campeonato Italiano (5x) 1931.1932.1933.1934.1935.

3. Áustria Wien 1933-36
R.Zöhrer (J.Billich),
Karl Andritz(Karl Gall) - Karl Sesta;
Karl Adamek - Johann Mock - Walter Nausch;
Franz Riegler I(J.Moizer) - Josef Stroh - Matthias Sindelar - C.Jerusalem(V.Spechti) - Rudolf Viertl.

 
O futebol na Europa Central foi desenvolvido na influência de um dos mais brilhantes gênios da história desse esporte, o inglês Jimmy Hogan. Com suas ideias nasceu os pilares do jogo mágico dos húngaros no primordial MTK Budapest (anos 10-20) e que o Honvéd reverberou ao Mundo (anos 50), fez ainda a cognição do futebol artístico através do discípulo Hugo Meisl na Áustria, revoluções batizadas como a "escola de Danúbio". Arte. Magia. Música... O futebol na Áustria fazia o jogo parecer um espetáculo circense, na troca de passes tecelagens, na perspicácia dos dribles e nos gols de sonhos, de artistas que figuram em um quadro desenhado por deuses. Der Wunderteam foi daquelas seleções que revolucionaram, deixaram legados eternos e causou impacto mundial mesmo sem ganhar a Copa do Mundo, o auge nem mesmo compreendeu os Mundiais, mas sim na Dr. Gerö Cup. A geração fez do jogo criado por ingleses algo além dos resultados, deu significado mais sensível, lúdico e os próprios ingleses reconheceram a ameaça. Tanto que mesmo após um revés da Ásutria ante Ingleses em Stamford Bridge em 1932, o jornal inglês Daily Mail afirmou: "Sindelar, Smistik, Naush e Vogl podem figurar entre os mais grandes jogadores do mundo. Não acho que no futebol existam homens nessas posições capazes de sustentar sua comparação, pelo menos por enquanto". Para o jogador inglês Ivan Sharpe, “os austríacos de 1932 puderam o futebol estrangeiro no mapa da Grã-Bretanha". Ali pode ter nascido o debate: futebol de resultados x futebol bonito. A forma refinada de exibição de danubio chega ao auge na figura de Matthias Sindelar, descrito assim: " era dotado de uma variedade de repertorio e ideias tão inacreditáveis que ninguém podia ter certeza de que tipo de jogada esperar. Ele não obedecia a nenhum sistema, a nenhum padrão definido. Era pura genialidade”, afirmou Friedrich Torberg. "De certa forma suas pernas tinham cérebros. (...) afirma Polgar.  Essa atmosfera foi também expressada em um time eterno: o Áustria Wien, um Rey de Copas, aclamado nos cafés parsifal.
Após a falência e ter que penhorar até alguns de seus troféus, os Veilchen fizeram alusão ao bater de asas de borboleta e provocaria um tufão na Europa, com a geração K.Sesta, H.Mock, W.Nausch, J.Stroh, R.Viertl, M.Sindelar & cia. Era curioso a forma de sua dominância, pois na Liga mostravam instabilidade, já nas Copas fazia toda sua arte. Em âmbito nacional, foram três conquistas da Copa da Áustria, com muitas goleadas (10x1 Slovan, 6x4 Rapid Viena, 4x1 Floridsdorfer, 10x3 Siemens, 5x1 Hakoah, 9x0 Lask, 5x1 Admira Wien, etc.) e vitórias nas decisões: frente ao Brigittenauer por 1x0, gol de  Viktor Spechtl em 1933; em 35 sobre Wierner por 5x1, gols de J.Stroh(2), Sindelar(2) e Jerusalem; e 36 diante First Vienna por 3x0, gols todos no 1ºtempo com Jerusalem(2) e Sindelar, artilheiro com 5 gols. Seria pela Copa Mitropa, porém, as maiores demonstrações da categoria dos Veilchen. A primeira conquista do Áustria Wien na Europa ocorre em 1933, após abertura de duelo titânico com Slavia Prague de Plánicka, R.Krcil , Jiri Sobotka, A.Puc, F.Junek, L.Šimunek , F.Svoboda, O.Nejedly, base da Seleção da Tchecoslováquia vice-campeã do Mundo, o Áustria sofre a derrota 3x1 e reverte espetacularmente com 3 a 0, gols de Viertl(2) e Sindelar. Nas semifinais, o triunfo foi diante da Juventus, das melhores equipes do mundo e base da Itália campeã mundial em 34, um empate e mais uma trinca de gols com Sindelar, Viertl e Spechtl. A decisão foi diante de uma fortíssima Internazionale de Meazza, após perder a primeira, o triunfo de 3x1 com a tripleta de Sindelar, garantiu o título mais possante da Europa aos Violetas. A segunda coroa da Europa ocorre em 1936, após superar Grasshoppers (3x1 e 1x1), a grande equipe do Bologna (1x2 e 4x0 com destaque para Jerusalem e Sindelar), nas quartas outra vez o Slavia (3x0 gols de Riegler, Stroh e Jerusalem, e 0x1), pelas semifinais um show frente ao Újpest ao reverter 1x2 com dilatados 5x2 (7x2), gols de Jerusalem(2) e Sindelar(2), e na final confronto difícil contra o Sparta Praha e vitória emocionante por 1x0, gol de Jerusalem, perante um público de quase 60 mil expectadores em plena Prague.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Copa Mitropa da Europa (2x) 1933.1936.
Copa da Áustria (3x) 1933.1935.1936.

4. Slavia Praga 1929-38.
F.Plánicka (Boksay Sándor)
Karel Cerný - Ferdinand Daucík
 Karel Prucha - Karol Daucík - Vlastimil Kopecký
 Václav Horák -  Ladislav Šimunek - Josef Bican - Vojtech Bradác - Rudolf Vytlacil
TÉCNICO:
Reichardt Jan

Expressão de futebol competitivo na Europa e no Mundo, a Thecoslováquia concentrava suas forças nas equipes de Praga, como o Slavia de Plánicka, R.Krcil, J.Sobotka, Antonín Puc, F.Junek, L.Zeníšek, F.Svoboda, O.Nejedly e Josef Bican ("ele olhava para onde chutaria a bola e mandava com exata precisão. Gols interminaveis, com ambos os pés. Desfile de balões a uma velocidade invejavel pelos velocistas. E, acima de tudo, era um cavalheiro", afirmou o historiador Miloslav Jenšík). O esquadrão domina a década em seu país, com sete conquistas: 1930 (com o técnico John W.Madden, a equipe vencendo todos 14 jogos e 64 gols), 1931 (destaque do goleiro Plánicka, apenas 14 gols sofridos, 12 êxitos em 14 rounds), 33 (melhor ataque com Kopecky e superando Sparta na última mão), 34 (ano da equipe galáctica, foram 14 vitórias em 18 jogos, 63 estouros), 35 (Hat-trick da liga e taça nacional, o artilheiro foi Svoboda com 27 tentos) e 37 (Kopecky mais uma vez fez a diferença e agora sem Bican, na última temporada de Planika) e chegou em duas decisões de Mitropa Cup, vencendo a edição de 1938. Na corrida Europeia tripudiaram Beogradski (5x3) e Genoa (6x4), esmagaram a Internazionale base italiana campeã do mundo com incríveis 9x0 e 3x1 (10x3) e venceram a decisão sobre o Ferencvárosi do magnifico Sárosi e dos soldados húngaros, depois de empatar em casa e vencer em plena Budapest por 2x0, gols de Vytlacil e Simunek. Foi uma espetacular temporada de Josef Bican, artilheiro com 10 gols, além de Rudolf Vytlacil com 6.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Copa Mitropa da Europa (1x) 1938
Campeonato da Thecoslovaquia (7x) 1929.1930.1931.1933.1934.1935.1937

5. Sparta Praha 1935-39
Klenovec Bohumil
 Jaroslav Burgr
- Josef Ctyroký
 Josef Koštálek
- Jaroslav Boucek - Erich Srbek
Ferdinand Faczinek
- Oldrich Zajícek - Raymond Braine -  Oldrich Nejedlý - Géza Kalocsay.
TÉCNICO:
Szedlacsik Ferenc

Após fixar força na Europa com a brilhante geração do Sparta de Ferro nos anos 20, o Sparta Praha se renova com mais um esquadrão, agora nos anos 30. Menos artísticos e revolucionários que os austríacos e húngaros, a geração tcheca também possuía qualidade excepcional, de conceitos e força, com e o genial belga Braine. Foram três conquistas nos Campeonatos da Tchecoslováquia, em 1936 (com 19 vitórias e 100 gols em 26 jogos), 1938 (com 17 vitórias em 22 rounds) e 39 (15 triunfos e 85 gols em 20 jogos), sempre prevalecendo a força ofensiva e superando o rival Slavia de Bican na corrida da liga, e a grande conquista na Copa Mitropa em 1935, com destaque da dupla O.Zajícek e Ray Braine  - possivelmente o melhor jogador do mundo aquele ano -, na campanha superando First Vienna (1x1 e 5x3), Fiorentina (7x1 e 1x3), Juventus (2x0, 1x3 e 5x1) e na decisão o sempre poderoso Ferencváros de G.Sárosi, revertendo um 1x2 da ida fazendo 3x0 em seus domínios, com ingressos esgotados, gols de Facsinek e Braine. A força da geração foi sentida na Copa do Mundo, quando a Tchecoslováquia chega a finalíssima com a Itália Fascista. Um periódico que acompanhou jogos de Sparta, chegou a dizer que "a troca de passes" dos jogadores "desmontava qualquer defesa do mundo". Após a Guerra, a equipe original jamais voltou a se reunir.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Copa Mitropa da Europa (1x) 1935
Campeonato Thecoslovaco (3x) 1936.1938.1939.

6. Internazionale 1937-40
G.Peruchetti,
C.Buonocore (B.Poli)
- Duilio Setti;
Ugo Locatelli
- Renato Olmi - P.Antona(A.Campatelli);
A.Frossi
- Nicola Ferrara I(A.Demaria) - Giuseppe Meazza (U.Guarnieri) - Giovanni Ferrari - Pietro Ferraris II.
 
Durante quase toda a década de 30, a Internazionale possuiu squadras fortes e competitivas, mas vinha batendo na trave pós-1930, principalmente entre 1933 a 35. O começo da campanha em 1937-38 não animou, mas a recuperação sucedeu com campanha exitosa, em valor de triunfos frente os principais concorrentes Juventus (2x1) e Milan (1x0), vencendo ambos turnos e o Scudetto. Brilhava a estrela de Giuseppe Meazza, jogador de "elegância incrível" e "ultra habilidades" como descreve seu livro, e que "adorava driblar os goleiros antes de marcar", foi artilheiro pela 3ºvez da bota, agora com 20 gols. Aquela poderosa geração com Ugo Locatelli, Renato Olmi, Pietro Ferraris, Giovanni Ferrari e Meazza (provavelmente o maior jogador do pré-Guerra) seria a base da Itália Bicampeã da Copa do Mundo em 1938, fazendo da Inter o símbolo do poderio no calcio. “O grande segredo do time italiano é sua capacidade de atacar com o menor número de homens possível, sem distrair seus médios do trabalho defensivo”, escreveu um períódico de Italian. A espinha dorsal voltaria a conquistar o Calcio em 1939-40, quando a squadra de Frossi-Demaria-Guarnieri faz a dobradinha nas competições nacionais, com a Copa Itália (2x1 no Novara) e a Liga com goleadas (4x0 na Juventus, 4x0 no Napoli, 5x1 no Torino e no Triestina, 4x0 na Lazio), fazendo o melhor ataque(56) e defesa(23) na disputa, com três pontos de frente (44x41) ao fortíssimo Bologna de Amedeo Biavati, ao qual os Nerazurri vence na última rodada por 1x0, gol de Pietro Ferraris. Naquele período, em que o futebol italiano domina o futebol mundial, Lo Sport Facista escreveu: "Dentro ou fora de nossas fronteiras, nos italianos vibramos quando vemos esses atletas puros derrotando tantos nobres oponentes, forjando um símbolo da impressionante marcha dos italianos de Mussolini".

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Campeonato Italiano (2x) 1938.1940.
Copa Itália (1x) 1939.


7. Ferencvárosi 1932-40
Háda József
Sándor Tátrai
- Lajos Korányi
Béla Magda
- Gyula Polgár - Gyula Lázár
 Mihály Táncos - Gyula Kiss
- György Sárosi - Géza Toldi - Tibor Kemény
TÉCNICO: Rauchmaul Emil.

A pujança do futebol húngaro nos anos 1920 e 30 pode ser muito bem expressada nas aventuras do Ferecváros, que supera MTK Budapest e vira o maior campeão no pré-2ºGuerra e conquista a Europa Central. A força da década passada é mantida com astros como J.Háda, L.Korányi, G.Polgár, G.Lázár, G.Toldi, J.Takács e, sobretudo, György Sárosi, a quem o então mais perfeito jogador húngaro, G.Orth, de MTK, declarou: "eu tenho um descendente"! As conquistaram nacionais eclodiram aos Verdes em 1932 (um recorde vencendo todas as 22 partidas e Takács pela quinta vez artilheiro, com o jogo de troca de passes e pontos de ação), 1934 (19 vitórias, melhor ataque com 89 gols e a artilharia de Toldi), 1938 (95 gols na Liga e 23 vitórias em 26 jogos), 1940 (corrida aperta com MTK e o ataque faz a diferença outra vez com 77 gols e 19 vitórias dos 26 rounds) e 41 (impressionantes 113 gols, melhor defesa também e larga vantagem 45x34 sobre Újpest), nessas últimas duas tendo Sárosi como goleador máximo, 23 e 29 tentos. A coroação maior, contudo, veio na Mitropa Cup de 1937, em que o Ferencváros peteleca o forte Slavia Praga (2x2 e 3x1) nas belas atuações de Sárosi e Toldi, despacha First Vienna com muito suor (2x1, 0x1 e 2x1 no playoff final, destaques outra vez de Sárosi e Toldi), depois nas semifinais remonta um 4x1 sofrido para 6x1 (gols de Sárosi 2x, Kemeny 2x, Kiss e Toldi) contra o ainda afamado Austria Wien, para chegar à decisão. O adversário era a surpresa Lazio de Silvio Piola, e o Ferencvaros venceu por 4x2 (Toldi e Sárosi 2x) em casa e 5x4 (Sárosi 3x, Toldi e Kiss) em Roma, para levantar mais uma coroa Europeia. Recebendo elogios de nomes como Orth e Nasazzi (afirmou "nunca ter visto um cérebro daquela qualidade de criação" e que era “superior a Márton Bukovi", outro gênio húngaro, após enfrenta-lo numa excursão) desde o início de carreira, versátil em várias posições mantendo alta classe, técnica e jogo calculado, G.Sárosi foi visto como o melhor jogador do mundo, com destaque ao destruir F.Plánicka com recorde de 7 gols (Hungria 8x3 Tchecoslováquia em 19-09-37), e sua artilheira em Mitropa com 12 gols!
Por outro lado, além dos campos, na época foi possível observar “coros de recitação”, manifestações abertas de extrema-direita e fascistas nas competições locais, que provocava também muitas imigrações e dissoluções de atletas com as equipes.



CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Copa Mitropa da Europa (1x) 1937
Campeonato Húngaro (4x) 1932.1934.1938.1940.1941
Copa da Hungria (1x) 1935.

8. Independiente 1937-39
F.Bello
F.Lecea (M.Sanguinetti)
- S.Colleta(Renganeschi);
L.Franzolini
- R.Leguizamón(Spinetto) - C.Martínez;
Vilariño(Juan J.Maril) 
- V.De laMata - Arsenio Erico - Antonio Sastre - José Zorrilla
TÉCNICO: Guillermo Ronzoni.

 
Ainda que o futebol tenha sido mais desenvolvido na capital Buenos Aires, os primeiros grandes esquadrões argentinos são dos times de Avellaneda. Primeiro foi o Racing de A.Ohaco(1913-21), já no fim da época 30' vieram os Diabos Vermelhos do Independiente. Os Rojos firmaram com Fernando Bello, Luis María Fazio, Celestino Martínez, Antonio Sastre, De La Mata e Erico um dos esquadrões mais possantes da história sul-americana. A conquista do Argentino em 1938 teve uma campanha de 25 vitórias e 3 empates em 32 jogos, com incríveis 115 gols(!), com dilatados de 9x0 no Almagro, 6x1 Ferro, 7x1 Vélez, 5x0 Estudiantes,  9x2 no Chacharita, 8x2 no Lanus, 3x0 e 4x0 no Boca Jrs, superando River Plate (4x1) e San Lorenzo por pontos. Com a genialidade e inspiração da arte de Sastre (descrito pela El gráfico como o "mais completo jogador da história"), e as peripécias do flexível, genial e inimitável Erico (artilheiro em 1937 com 47 gols, em 38 com 43 e 1939 com 40), os Rojos festejaram a beleza e a malícia da dança sudamericana. O bicampeonato Nacional em 39 também teve a marca centenária de gols com o trio formidável LaMata-Erico-Sastre, outra vez superando o fortíssimo River Plate(inclusive vencendo por 3x2) e Huracan na corrida, com 27 vitórias e 2 empates em 34 jogos, com destaque nos 6x1 no Lanus, 7x0 Quilmes, 5x0 no Gimnasia e no Vélez, 5x2 no Boca Jrs e 6x1 no Tigre. O domínio nacional teve ainda 3 Copas Argentinas no período. Predestinado aos méritos continentais, o Independiente vence duas Copas Aldao Internacional, fazendo 3x1 no Peñarol em 38 e 3x1 no mesmo Aurinegro em 39, e foi uma base para a Argentina (F.Bello, L.Fazio, C.Martinez, A.Sastre e DeLaMata) na conquista da Copa América de 1937. Na época seguinte eternizaram a maior goleada do clássico de Avellaneda, com 7x0 no Racing.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Campeonato Argentino (2x) 1938.1940.
Copa Aldao Rioplatense (2x) 1938.1939.
Copa da Argentina (3x) 1938.1939.1939.

 
9. Nacional 1930-34
Eduardo García
José Nasazzi(Ulises Chifflet) 
- Juan Ramón Cabrera(Domingos)
Arsenio Fernández
- Miguel Andreolo - Marcelino Pérez
Francisco Arispe
- Aníbal Ciocca  - Héctor Castro  - E.Fernández  - Zoilo Saldombide.
TÉCNICO: Ondino Viera.

Ainda que pesassem a força dos ingleses relutantes, os uruguaios dominaram o mundo no entre décadas 20 a 30. Boa parte da grande geração famosa da Celeste Olimpíca(caracterizada em 1923-24) ficou concentrada em um clube, o Nacional de Montivideu, que entre 1930 a 34 ainda chegou a ter E.Recoba, J.Nasazzi, J.L.Andrade,  C.Píriz, S.Urdinarán, P.Petrone, P.Cea, H.Castro e Héctor Scarone, que conquistaram a primeira Copa do Mundo em 1930, e em 1933 os jornais uruguaios alcunharam de Máquina. Curiosamente, porém, os títulos internos não aconteceram para o Nacional no amadorismo desde 24, também pelo período sem disputa, ainda que terminou como o maior campeão da era amadora(11x). Foi já no profissionalismo que essa possante geração fez do Nacional voltar ao topo, com inclusão de brasileiros como Domingos-Fausto-Patesko e o ítalo-uruguaio M.Andreolo, primeiro com uma final desempate de 4 jogos contra o rival Peñarol, brilhando o Manco Casto com tripleta, sendo histórico um clássico conhecido 9 contra 11 e El gol de la valija. Depois, a confirmação com o Bicampeonato nacional, com três pontos de frente(41x38) ao rival, dessa vez com melhor ataque(51) e defesa(-17) intransponível formada por Domingos-Nassazi. Além das conquistas na Liga principal, os títulos no Torneio Competencia e de Honra, equivalentes a Copa Uruguaya. Assim, ficaram marcados pelo título Mundial e o Bicampeonato Uruguayo no período.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:
Campeonato Uruguay (2x) 1933.1934.
Copa do Uruguay (2x) 1934.1935.
10. Real Madrid 1931-34      
Zamora
Ciriaco Errasti
- J.Quincoces;
A.Leoncito(P.Regueiro) 
- Manuel Prats(A.Bonet) - M.Ateca;
J.Lazcano(E.Hilario) 
- Luis Regueiro - Manuel Olivares(Josep Samitier) - Hilario - Luis Olaso.


A longa fila perdurava desde 1917 e o grande sonho continuava a ser chegar no topo do futebol espanhol. Para isso era preciso buscar os melhores - pensavam os Madridistas no começo da década de 1930. O clube tratou então de contratar Ricardo Zamora,  e pouco depois trouxe Ciriaco e Quincoces. Estava formada A MELHOR DEFESA DO MUNDO! Os resultados foram coesos e imediatos. Na temporada 1931-32 a equipe de Lippo Hertza foi Campeão Invicta (18 jogos, 10 vitórias, 8 empates, 37 gols marcados e apenas 15 sofridos). Além da defesa intransponível destacou-se o avançado Manuel Olivares. Começava um período de domínio Madridista. Foram quatro títulos em quatro anos: duas Ligas e 2 Copas. Na temporada seguinte veio o Bicampeonato, a defesa continuou fazendo a diferença. Enquanto os rivais sofreram mais de 30 gols, os Brancos foram vazados apenas 17 vezes. Com 13 vitórias, 2 empates e 3 derrotas, Olivares como artilheiro do certame, o Real aspirou seu segundo título! Além de Zamora, Ciriaco, Quincoces e Olivares, destacaram-se Luis Regueiro, Lecue, Samitier (ídolo do Barça) e Hilario pelo Madrid no período. O time foi a base da seleção espanhola na Copa do Mundo, que chegou as quartas de final (5º lugar), e foi eliminada de forma dramática e polemica pela Itália de Meazza - foi o segundo melhor resultado da Espanha numa Copa em mais de meio século! Essa geração é muito cultuada na história espanhola. Nas Copas do Rey, o título de 34 se deu sobre o Valencia (2 a 1). Em 36 foi a vez de vencer o Barcelona, pelo mesmo placar. Zamora elevava-se definitivamente a categoria de MITO. Foi o grande nome diante o Barça. A sua defesa ‘impossível’ após arremate de Escolá ainda é recordado como mítica na história do futebol espanhol. Mas nem tudo foram flores. No melhor momento da história do Madrid, de seu lendário trio defensivo, sobretudo da Espanha, arrebenta a Guerra Civil Espanhola. Significando a trava da carreira de muitos jogadores e o exílio para outros.

CONQUISTAS/FAÇANHAS:

Campeonato Espanhol (2x) 1932.1933.
Copa do Rey Espanha (1x) 1934.

MENÇÕES HONROSAS:
Everton 1932-33, Rangers 1933-39, Athletic Bilbao 1930-36 e Fluminense 1936-41.

REFERÊNCIAS:
Livro Soccer Revolution (Willy Meisl), El Gráfico, History of Latin American (Andreas Campomar), 
La evolución táctica del fútbol 1863 - 1945 (Marti Perarnau), Inverting the Pyramid (Jonathan Wilson), Site dos clubes, Jornais (dos respectivos países) e Total Sport.