Criar listas relacionadas ao futebol é algo sempre complicado, pois costuma dividir opiniões e muitas vezes o autor puxa uma sardinha de leve para aqueles times ou jogadores que simpatiza. Nessa lista irei usar dois critérios para definir o top 5, “Mão do treinador” (quando alguma mudança tática ou substituição mudou o jogo) “Imprevisibilidade”(quando o jogo já parecia definido e aconteceu um verdadeiro milagre para mudar o resultado).

#5 CHELSEA 4-4 LIVERPOOL

Jogo de volta, quartas de final 2008/2009, Chelsea havia vencido em Anfield por 3-1 e se classificaria com um empate. O Liverpool mesmo sem seu capitão Steven Gerrard mostrou que não estava para brincadeira e abriu uma vantagem de 2-0 com um golaço de falta do brasileiro Fábio Aurélio e ampliou com um pênalti cobrado por Xabi Alonso. Começa o segundo tempo e aos 6 minutos Drogba diminui a vantagem dos reds, aos 12 o Zagueiro Alex acerta um petardo de falta e empata a partida, o atual treinador dos Blues Frank Lampard vira o jogo aos 31, Lucas Leiva aos 36 e Dirk Kuyt aos 38 do segundo tempo viram novamente o jogo para os vermelhos de Merseyside. Frank Lampard novamente no último minuto do segundo tempo empata o jogo e garante a classificação do Chelsea.

 


IMPREVISIBILIDADE (5 estrelas) O jogo teve duas viradas e muitos gols em um curto espaço de tempo. MÃO DO TREINADOR (2 estrelas) A maioria dos gols partiram de jogadas de bola parada e de jogadores que iniciaram a partida.


#4 AJAX 2-3 TOTTENHAM

Semifinal, volta 2018/19 Ajax havia vencido em Londres por 1-0, e chegou abrir 2 gols de vantagem na Johan Cruyff Arena, porém algumas mudanças bem sucedidas do treinador dos Spurs mudaram o curso do jogo. Lucas Moura começou como centroavante/falso 9, e o Tottenham com um plano de jogo baseado em passes curtos, saída de bola qualificada, porém o Ajax com sua pressão sufocante no campo do adversário cumpriu com o objetivo e atrapalhou a construção de jogo dos londrinos. O treinador Mauricio Pochettino teve uma bela sacada e colocou Fernando Llorente, um típico pivô no comando de ataque, puxou Lucas para a ponta e começou apelar para uma saida de bolas longas buscando quebrar as primeiras linhas de pressão do time de Amsterdam e acionar a velocidade dos pontas Son e Lucas, e podemos ver que deu muito certo. O Brasileiro fez os três gols dos Spurs, o ultimo deles ao apagar das luzes, no quinto minuto de acréscimo do segundo tempo e garantiu a classificação para a final.

 


IMPREVISIBILIDADE (5 estrelas) o jogo estava ganho pelo Ajax e durante o primeiro tempo parecia que a classificação iria com tranquilidade para o clube holandês, mas no segundo tempo o Tottenham conseguiu fazer três gols que classificaram os spurs através do critério do gol qualificado. MÃO DO TREINADOR (5 estrelas) as alterações de Mauricio Pochettino foram cruciais para a virada do Tottenham.


#3 BARCELONA 1-0 INTER (Inter venceu por 3-2 no agregado)

Semi final jogo de volta 2009/2010 Derrota com sabor de vitória para José Mourinho. 2010, Barcelona, Tiki Taka, Messi e Guardiola estavam no auge do Hype, poucas pessoas ousariam apostar contra uma vitória do clube catalão em qualquer partida que fosse, e quem o fizesse era massacrado e tratado como louco, pois bem, o treinador português não se deixou levar pelo Hype e acreditou que seu time era sim capaz de bater os ‘bam bam bam’ e em um primeiro jogo eletrizante no Giuseppe Meazza venceu de virada por 3-1 com gols de Maicon, Pandev e Milito.

O primeiro jogo em si já foi uma aula de contra ataque e de como aproveitar os espaços vazios nas costas da defesa Barcelonista. Mas o jogo que selou a classificação e que entrou para a história como uma das maiores performances defensivas da história foi o jogo da volta. O confronto estava equilibrado até os 28 minutos do primeiro tempo, quando Thiago Motta foi injustamente expulso por conta de mais uma atuação digna de Oscar do volante Busquets. Mourinho tinha dois gols de vantagem no confronto, mais 60 minutos de jogo pela frente e um jogador a menos, e passar todo esse tempo, com um a menos e sem tomar dois gols daquele Barça era considerada uma missão impossível, mas não para Mourinho, que montou uma barreira intransponível na defesa interista, abdicou da posse de bola, entregando a para o Barcelona com chutões para frente e focou na organização defensiva.

Marcação por zona de Manual, ninguém perseguia ninguém individualmente, todos os 9 jogadores de linha atrás da linha da bola, fechando espaços e impossibilitando o Barcelona de entrar na área com seu hipnotizante tiki taka. Samuel Eto’o passou a fazer parte de uma linha de 5 como se fosse um lateral esquerdo e cumpriu muito bem a função. A frente da linha de 5, duas linhas que variavam de acordo com o local em que a bola estava, por vezes uma linha de 3 com um jogador a frente, ou duas linhas de 2 jogadores e por mais que o Barcelona conseguisse trocar passes, raramente encontrava jogadores entre as linhas adversárias ou com condições para se infiltrar na área. O Barcelona de Guardiola teve que descer do salto e arriscar chutes de longa distância e até apelar para a jogada aérea utilizando Piqué em alguns momentos do jogo como centroavante, tanto que único gol da partida foi marcado por ele, porém já era tarde o gol saiu aos 84 minutos. Esse jogo ficou marcado como a partida em que Mourinho fez Guardiola rasgar tudo que tinha planejado e adotar um estilo de jogo diferente daquilo que seu time estava acostumado a fazer.

 


IMPREVISIBILIDADE (4 estrelas) apesar de forçar mudanças no modo de jogar de Guardiola, a Inter se classificou com uma vantagem construída ainda no primeiro jogo. MÃO DO TREINADOR (5 estrelas) Mr. José Mourinho.


#2 MANCHESTER UNITED 2-1 BAYERN

Final 1998/1999. O Bayern abriu o placar com Mario Basler de falta logo no início do jogo. O United não contava com dois de seus principais jogadores, Scholes e Keane estavam suspensos, o jogo parecia encaminhado. Bayern vencendo por 1-0 e dominando as ações do jogo. Aos 67 minutos, Ferguson faz sua primeira alteração e coloca o atacante Teddy Sheringham no lugar do ponta esquerda Blomqvist, puxando Dwight Yorke para a ponta direita, Giggs para a esquerda e mantendo a dupla de ataque Sheringham e Cole até os 81 minutos, quando o atual treinador dos Red Devils, Ole Gunnar Solskjaer entrou no lugar de Cole. O árbitro deu 3 minutos de acréscimo, a taça parecia já estar encaminhada para Munique, até que aos 91 o United conseguiu um escanteio, até o goleiro Peter Schmeichel foi para a área no desespero e Sheringham igualou o placar, menos de 2 minutos depois outro escanteio para os Ingleses, Solskjaer vira o jogo, garantindo a segunda taça de Champions League para a galeria de Old Trafford.

 


IMPREVISIBILIDADE ( 5 ESTRELAS) MÃO DO TREINADOR (5 ESTRELAS)


#1 MILAN 3-3 LIVERPOOL

Final da temporada 2004/2005. O Milagre de Istambul. O Milan da década de 2000 e seu inconfundível esquadrão com jogadores do calibre de Cafu, Alessandro Nesta, Jaap Stam e Paolo Maldini na linha defensiva meio-campo que contava com Pirlo, Gattuso, Seedorf e Kaká e ataque formado por Hernán Crespo e Andriy Shevchenko com certeza era o favorito para essa partida. Afinal o Liverpool de Rafa Benítez apesar de ser um bom time não tinha muitos jogadores de renome até então, com exceção de Steven Gerrard, Jamie Carragher, Xabi Alonso e Luis Garcia era um elenco mediano, porém isso não quer dizer que o conjunto era fraco.

O Milan logo no início da partida abriu o placar com Paolo Maldini, ainda no primeiro tempo Crespo fez mais dois tentos para o clube de San Siro, enfim, o jogo já estava ganho e pra piorar para o Liverpool, Harry Kewell um de seus principais jogadores de ataque saiu contundido aos 23 minutos de jogo dando lugar ao tcheco Vlad Smicer. Começo de segundo tempo, Benítez que iniciou o jogo em uma espécie de 4-4-1-1, substitui o lateral Steve Finnan pelo meio campista Dietmar Hammann, mudando para um 3-5-2(3-5-1-1), com Traoré saindo da lateral esquerda e compondo a zaga com Carragher e Hyypia, uma linha de meio campo com Garcia, Alonso,Gerrard, Hammann e Riise,Smicer como um meia entre linhas e Milan Baros no comando de ataque. Beniítez fez a alteração para conter o meio campo do Milan que era facilmente comandado por Pirlo no primeiro tempo. Essa alteração gerou vantagem numérica em dois setores para os Reds e Ancelotti não soube reagir…

O Milan jogava no seu tradicional 4-4-2 em losango, sem pontas, com apoio ocasional dos laterais Cafu e Maldini e com dois atacantes puros, Crespo e Shevchenko. A alteração de Benítez deu uma vantagem de 3 contra 2 no setor defensivo, sobrava um, geralmente Carragher fazendo o papel de zagueiro da cobertura com Hyypia e Traoré dando o primeiro combate…. 5x4 no meio de campo, incluindo Garcia e Riise nas alas, dando mais obrigação defensiva aos laterais Rossoneros, que caso subissem teriam esses jogadores nas costas prontos para receber um passe, na faixa central a ideia era impedir o primeiro passe de Andrea Pirlo com pressão alta. Bom, após as alterações o Liverpool começou a dominar cada vez mais a posse de bola e acuar o Milan em seu próprio campo e a partir dos 54 minutos de jogo, 9 do segundo tempo, começou a reação com um cruzamento de Riise pela esquerda encontrando o capitão Gerrard na área, que cabeceou livre para diminuir a vantagem. Apenas dois minutos depois Vlad Smicer acerta um canhão de fora da área batendo o goleiro Dida, e aos 60, sim, apenas 6 minutos após o primeiro gol e 4 após o segundo, Gerrard sofre um penalti, Alonso bate, Dida espalma e o próprio Alonso, de rebote empata o que seria uma das finais mais épicas da história da competição, depois disso o jogo foi para os acréscimos, e foi vencido nas penalidades pelo Liverpool.

 


IMPREVISIBILIDADE (5 ESTRELAS) MÃO DO TREINADOR ( 5 ESTRELAS)


MENÇÃO HONROSA BARCELONA 0-0 CHELSEA ida, semi final 2008/2009
 

Como assim? tá louco? Em um post sobre jogaços da Champions escolher um 0-0? Sim, e vou explicar o por que! A parte defensiva do jogo também é uma arte dificilima de ser executada, principalmente contra adversários com a qualidade que o Barça de Guardiola possuia na época.

O Ano era 2009, o Hype do Barcelona apesar de ainda não ser tão intenso como entre 2010 e 2012 já estava ganhando corpo, uma goleada por 6-2 contra o Real Madrid no fim de semana que antecedeu a partida deixou muita gente certa de que o Chelsea não teria a mínima chance de passar, pra piorar, o Barça não havia passado uma partida se quer em branco jogando no Camp Nou naquela temporada e nas quartas de final trucidou o Bayern por 4-0 Guus Hiddink, holandês conhecido por extrair o máximo de elencos limitados e conseguir bater de frente com gigantes, assim como fez com as seleções da Coreia do Sul, Austrália e Rússia, tinha em mãos um elenco fortíssimo, vinha de uma sequência de vitórias no comando do Chelsea e usou de toda sua experiência e das características daquele elenco para montar o embrião da estratégia que fez Mourinho consagrar a Internazionale na temporada seguinte.

Terry, Alex, Obi Mikel, Essien, Ballack, Lampard, Drogba, o goleiraço Petr Cech, sobrava vigor físico e qualidade para esse time e Hiddink soube aproveitar bem isso. Ashley Cole estava suspenso, então a linha defensiva foi a campo com Branislav Ivanovic, Terry, Alex e Bosingwa, lateral direito de origem jogando na esquerda, até então ninguém entendia o porque a opção por Bosingwa, um destro improvisado em vez de Wayne Bridge, um lateral esquerdo de fato. Nesses tempos, a principal movimentação de Messi era da direita para o centro, cortando para dentro, e ter um lateral de pé trocado batendo em cima dificulta esse movimento forçando Messi a usar mais seu fraco(que não é tão fraco assim), tanto que Mourinho repetiu a ideia com Zanetti atuando pela esquerda um ano depois.

O Chelsea atuou em um 4-3-2-1 defendendo em bloco baixo, na intermediária defensiva, Nesse 4-2-3-1, Mikel, Essien e Ballack formavam a linha de volantes, bem pensada para dificultar a troca de passes catalã, Lampard era o homem do passe, para ligar os contra-ataques, aproveitando a velocidade de Malouda pela esquerda e a força de Drogba mais a frente, mas também ajudava na organização defensiva,enfim, o Barcelona chutou algumas vezes a gol, mas poucas levaram perigo Real, as bolas que levaram perigo, o muro Petr Cech estava lá de prontidão para fazer seu papel; foi um plano de jogo bem executado que causou reações agressivas de jogadores do Barcelona chamando de “anti jogo”, Hiddink rebateu com “futebol é um jogo para homens” porém o saldo não foi positivo, no jogo de volta apesar do domínio do Chelsea em Stamford Bridge, o jogo terminou 1-1, com um gol de Essien para o Chelsea aos 7 minutos e Iniesta para o Barça aos 92, jogo conhecido como ‘o escândalo de Stamford Bridge’, pois o árbitro norueguês Tom Henning Ovrebo deixou de marcar pelo menos 4 pênaltis a favor dos blues.