Nascido em 12 de junho de 1942, na pequena aldeia camaronesa de Ngoulemekong, na região central do país, Jean Manga é um tanto injustiçado historicamente. É um dos maiores jogadores africanos de Todos os Tempos, porém o período de sua carreira não coincidiu com a fase mais globalizada do futebol, claro envolvendo a África, o que também poderíamos estender para Ásia e Oceânia.


O futebol chegou ao continente africano através dos imigrantes europeus, que como classe financeira dominante, praticavam primeiramente entre si, em suas escolas e agremiações separadas. Mas assim como no restante do mundo, o futebol logo se polinizou e atingiu o sucesso entre as classes mais humildes. Unir credos, pensamentos e raças diferentes no mesmo campo é uma das principais características do "jogo maravilhoso".

Até seus 20 anos, Jean jogava despretensiosamente pelas poeirentas e vezes lamacentas ruas de sua aldeia. Até que um dia, foi recrutado por olheiros do clube camaronês Canon Sportif de Yaoundé. Começaria ali a história de sucesso que uniria os dois o clube o jogador. Em sua primeira partida oficial, ainda em 1966, já alcançaria fama em todo o país. Marcou 5 dos 7 gols anotados contra o atual campeão nacional, Canon Caiman Douala em um memorável 7-1. No ano seguinte, ele é convocado para a  seleção contra Gana, onde marca seu primeiro gol pelos Camarões, o único gol do jogo que garantiu a vitória dos Leões Indomáveis.

Quanto ao seu clube, fundado em 1930, o Yaoundé ainda não havia conquistado títulos relevantes, e seu período de glória, viria exatamente sobre o reinado de Jean Manga, sim, esse seria o nome adequado para expressar como ele foi essencial para todo sucesso de sua equipe. O Canon Yaoundé finalmente conquistou seu primeiro título nacional em 1970 e começou uma verdadeira dinastia africana. A partir da temporada seguinte, o Canon vence, em sua primeira participação, a Copa Africana de Clubes Campeões, dominando na semifinal o ASEC Abidjan e na final o Asante Kotoko. O clube, portanto, se instala entre os grandes da África. E logicamente recrutadores e outros supervisores europeus vêm regularmente à capital camaronesa em busca da pérola rara, Jean Manga.

CAMPEÕES: Canon Sportive derrotou o Asante Kotoko por 3-3 no total, 1971

O clube da capital continuaria sua marcha, ao longo das temporadas, conquistando muitas vitórias. Foi um momento mágico atingindo sua apoteose entre 1977 e 1980, quando ganhou três títulos africanos consecutivos. Naquela época, os jogadores da Canon eram apelidados de "brasileiros" da África. E o principal brasileiro-africano, demonstrou um amor tamanho por seu país, mesmo com todo o tipo de proposta e especulação, nunca deixou o Canon Yaoundé.

Voltemos a Jean Manga, durante toda sua brilhante carreira, não teve a sorte de disputar uma Copa do Mundo, o que foi feito por seus companheiros de time, entre eles o mais ilustre, Théophile Abega Mbida. Em 1982, quando sua glória chegaria ao cenário internacional, sofreu uma lesão no joelho e foi privado do torneio mundial. Ele é substituído por um certo EYOBO, Roger MILLA, como uma passagem de bastão na liderança dos Indomitable Lions. Manga disputou mais de 100 jogos por sua seleção,
incluindo duas Taças das Nações Africanas em 1970 e 1972; também em quatro qualificatórias para a Copa do Mundo da FIFA. É difícil encontrar dados consolidados e críveis com a exatidão de seus gols e participações, mas há de se dizer que o vulto foi tão estrondoso, que a revista francesa France Football, lhe concede um Ballon D'or exclusivo, como o melhor jogador africano no ano de 1980, um ano apenas antes de sua aposentadoria, um prêmio que soava como uma honra ao mérito por seu desempenho esportivo.

Logo após deixar os gramados, Jean começa uma carreira nos bastidores. Entre 1989 a 2002, ele passou pelos cargos de técnico e assistente da equipe nacional de Camarões. Ao mesmo tempo,atuava como consultor da FIFA.

Em 2001, ele foi escolhido pela entidade como diretor de seu escritório de desenvolvimento para a África Central. Sendo um dos grandes responsáveis pelo aprimoramento de infraestrutura esportiva e política dos países africanos. Em 2010, ele é escolhido pelo Estado dos Camarões para se encarregar da direção técnica nacional do futebol, também atuando como olheiro de times adversários durante muitos torneios internacionais.

 
PRINCIPAIS TÍTULOS:

Liga dos Campeões da CAF em 1971, 1978 e 1980
Taça dos Vencedores das Taças de África em 1979
Campeão Nacional em 1970, 1974, 1977, 1979, 1980 e 1982
Taça dos Camarões em 1967, 1973, 1975, 1976, 1977 e 1978
Bola de Ouro Africana (Melhor Jogador Africano) em 1980


Em 2006, ele foi selecionado pela CAF como um dos 200 melhores jogadores de futebol africano dos últimos 50 anos.