Bravo, líder e valente. Um verdadeiro símbolo do futebol uruguaio. Hugo de León, como jogador, personifica o espírito de raça, qualidade e entrega que a sua posição pede em campo, um senhor zagueiro.
Nascido dia 27 de fevereiro de 1958, em Rivera, cidade do interior uruguaio, fronteiriça com o Rio Grande do Sul, Hugo já era desde sua tenra idade familiarizado com a língua portuguesa e os costumes gaúchos. Assim como também, já era desde pequeno, familiarizado com a torcida gremista. Sua região e o Rio Grande do Sul são quase como extensões uma da outra, é muito comum aos dois lados atravessar a fronteira, seja por férias ou mesmo por trabalho. Deu seus primeiros passos no futebol pelo pequeno clube do Lavalleja, onde começou como meio campista. Seu talento lhe rendeu algumas passagens pela seleção local de Rivera, que o projetaram a vestir a camisa celeste nas categorias de base, em 1976, conquistou inclusive o campeonato sul-americano sub-20 em 1977. No mesmo ano em que se sagrou campeão continental na base, ainda com 18 anos, se transferiu para o gigante Nacional do Uruguai.
Sua chegada ao Nacional, veio em um contexto pesado. A equipe não ganhava um título desde 1972. De León e seus companheiros anotariam novas páginas gloriosas na história do time. Já em 1977 o clube levantou a taça nacional novamente. Em 1979, disputava sua primeira partida pela seleção principal do Uruguai. O ano seguinte, seria talvez o principal de sua carreira. O time que voltaria a ser campeão da Libertadores, uma equipe com nomes consagrados no futebol uruguaio, Rodolfo Rodríguez, Waldemar Victorino, Julio César Morales e Juan Carlos Blanco. O capitão da equipe Víctor Espárrago, era remanescente do esquadrão campeão da libertadores em 1971. O treinador era o lendário Juan Martín Mujica que está no seleto grupo de pessoas que conquistaram a Copa Libertadores da América como jogador e também como treinador. Na libertadores, o Nacional sofreu apenas cinco gols em 12 jogos. Hugo de León é considerado como um dos principais responsáveis por frear a brilhante equipe do Internacional, na final em 1980.
O Nacional de Hugo e sua geração vencedora responsável pelo ressurgimento do clube.
No mesmo ano de 1980 a equipe conquistaria o campeonato uruguaio e a primeira edição da Copa Intercontinental de clubes, em seu formato de jogo único, com partida disputada no Japão, a popular Copa Toyota, contra o Nottingham Forest. Hugo, no entanto, não integrava o elenco do campeonato mundial de clubes, estava junto da seleção uruguaia, para disputar o Mundialito, torneio que a FIFA criou para comemorar os 50 anos da primeira edição da Copa do Mundo. Os uruguaios foram campeões do Mundialito honrando sua seleção, que foi a primeira campeã mundial de fato! Sua saída do Nacional parecia ser um passo natural em sua carreira.
Ao fim do Mundialito, De León já estava acertado com o Grêmio. Consta um capítulo polêmico nessa transição, o zagueiro havia recebido uma camisa do time tricolor gaúcho durante o período das negociações, e na final do Mundialito, após vencer o Brasil de Telê Santana, Hugo desfilou com a camisa gremista em pleno estádio Centenario. O episódio resultou no seu afastamento da seleção.
Ao usar a camisa do Grêmio celebrando o título de sua seleção no Mundialito, Hugo agregou muitos desafetos no Uruguai. O fato foi um dos, talvez o principal, responsáveis pelo seu afastamento da seleção entre 1982 a 1989.
Logo no ano de sua chegada em 1981, De León foi campeão brasileiro com o Grêmio. No ano seguinte foi vice campeão brasileiro. O melhor estaria por vir, 1983 consagrou sua passagem no clube e sua carreira, foi campeão da Libertadores enfrentando o Penarol no estádio Centenario, onde empataram a primeira partida em 1 x 1. Hugo fora recebido no Uruguai como um verdadeiro herói. Ironicamente, foi responsável na falha que ocasionou o gol do Penarol. A redenção viria no estádio Olímpico, onde De León salvou uma bola em cima da linha, sendo um lance crítico do jogo que o Grêmio venceu por 2 x 1. A cena de Hugo incentivando os companheiros quando a segunda partida foi empatada, se tornou antológica na história do Grêmio.
Ao final do ano o jogador teve a chance de disputar sua primeira Copa Toyota em campo, vencendo o Hamburgo, e se sagrando campeão mundial de clubes.
Hugo permaneceu na equipe que conquistou o vice campeonato da libertadores em 84, mas surgiram problemas com a comissão técnica que se agravaram e resultaram em sua saída do clube. Mesmo com muita relutância em negocia-lo, o Corinthians avançou com uma proposta irrecusável, e De León assinou com o clube paulista.
O Corinthians montou uma equipe que ficou conhecida como a seleção de papel, um time brilhante que não vingou na prática, De León, parecia distante de seu bom futebol. Teve passagens apagadas pelo Santos e no velho continente pelo Logroñés, da Espanha. Mas talvez, ninguém imaginaria, que sua triunfal volta por cima no esporte, se daria, em uma volta ao Nacional do Uruguai, em 1988, para mais uma vez, definitivamente por seu nome na história do clube.
Veterano, com 30 anos, chegou como reforço pontual para a Libertadores, recebeu a faixa de capitão e foi sendo integrado ao time aos poucos, mas participou em todos os jogos desde as quartas de finais de torneio. Chegaram a final contra o Newell's Old Boys do promissor Gabriel Batistuta. Mais uma vez, De León seria um nome marcante na final da Libertadores, sendo de seus pés o último gol de penal, na vitória por 3x0 no último jogo da final. Hugo também se consagraria como um dos maiores vencedores da Copa Toyota, após sua equipe bater o PSV no estádio de Tóquio e se sagrar campeã Mundial.
Mesmo já veterano, Hugo volta ao Nacional para se sagtar na história do clube.
Badaladíssimo, Hugo se transfere para o River Plate em 1989, com uma passagem curta, mas que agregou ao seu currículo, o campeonato argentino daquele ano. Hugo ainda faria passagens pelo Botafogo por empréstimo e pelo Toshiba Sc do Japão. Retornou ao Nacional do Uruguai em 1992 para encerrar a sua brilhante carreira por clubes.
Por questões polítocas e pessoais, Hugo esteve grande parte de sua carreira afastado da seleção celeste, mas foi titular no vice da Copa América de 1989 e, logo após, na Copa do Mundo de 1990. Após sua aposentadoria, como treinador Hugo conquistaria três vezes o campeonato uruguaio em 1998, 2000 e 2001.
FICHA COMPLETA:
Nome: Hugo Eduardo de León Rodríguez
Nascimento: 27 de fevereiro de 1958
Posição: Zagueiro
Clubes: Nacional (1977-1980, 1988-1990, 1992-1993), Grêmio (1981-1984), Corinthians (1984-1985), Santos (1986-1987), Logroñés (1987-1988), River Plate (1989-1990), Botafogo (1991), Toshiba SC (1991-1992)
Principais Títulos: Campeonato Uruguaio: 1977, 1980 e 1992, Campeonato Brasileiro: 1981, Campeonato Argentino: 1989, Copa Interamericana: 1988, Recopa Sul-Americana: 1989, Copa Libertadores: 1980, 1983 e 1988, Copa Intercontinental: 1980, 1983 e 1988, Mudialito: 1980, Sulamericano Sub-20 1977.
Campeonato Uruguaio: 1998, 2000 e 2001 (treinador)