Nós transportamos para a década de 1930, para uma Formação dos Sonhos dos mais emblemáticos jogadores do período.

Nessa era do começo de depressão na economia norte-americana e mundial, e início da eclosão de movimentos totalitários em vários países da Europa,  que culminará com a guerra, os esportes ganhavam cada vez mais aficionados, servindo como uma espécie de refugio. Surgiu a Copa do Mundo e, sobretudo, o futebol se popularizou cada vez mais como o esporte das multidões.

Grandes gerações encantaram, como a poderosa Hungria, a revolucionaria Áustria, a forte Tchecoslováquia e a Itália Bicampeã do Mundo (apesar de fatores extracampo também contribuírem). Surpreenderam também as boas formações do Brasil e da Espanha, entre outras. Os Ingleses, inventores do futebol, ainda tinham enorme altivez a propagação de um jogo mais físico, mas os novos conceitos desenvolvidos na Europa Central, pela chamada Escola de Danúbio, com desenvolturas mais técnicas, levaram o futebol a outro nível.

Vamos então para a equipe, uma homenagem com os possíveis jogadores mais emblemáticos entre 1930 a 1940. A organização tática escolhida é a padrão na época em 2 defensores, 3 médios e cinco avançados: 2 pontas, 2 meias e um centroavante. Confira:



Para a baliza, escolhemos Plánička. Considerado um dos melhores goleiros de todos os tempos, o guarda-metas tcheco era dotado de uma segurança impressionante, com incrível reflexo, ótimo posicionamento e muito fair play nas atitudes. Viveu transformações politicas de seu país, sua principal equipe foi Slavia Praga e compôs uma das melhores gerações da Tchecoslováquia em Copas do Mundo, atuando nas edições de 1934 e 38.

Na defesa, modelando o Trio Final, começamos por Jacinto Quincoces, que com seu estilo sóbrio e capacidade de cortes acrobáticos ante os avançados, ganhou notoriedade como um dos melhores do mundo na posição. Se destacou com a camisa do Real Madrid ao lado de Ciriaco e Zamora, formando a melhor defesa do mundo, ajudando a Espanha em sua caminhada até as quartas de finais da Copa do Mundo de 1934. O outro defensor é Domingos da Guia, considerado o melhor zagueiro brasileiro em todos os tempos e um dos melhores da história, ídolo também na Argentina e no Uruguai, se destacou por diversos clubes, como Flamengo, Corinthians, Boca Juniors e Nacional, tinha uma técnica soberba, saída de jogo precisa, sempre com a cabeça erguida, rapidez e grande senso de colocação. Disputou a Copas de 1938.

A linha média tem coesão, técnica e segurança. Pelo lado direito um jogador extraordinário, capaz de fazer quase todas as posições do campo com muita qualidade, o maestro argentino Antonio Sastre. Se destacou com a camisa do Independiente-ARG, São Paulo e da Seleção Argentina, sempre com elegância, técnica esmerada e concepção para defender, criar ou atacar. Centralizado fica Luis Monti, um jogador de imposição física, por vezes até agressivo, mas também possuidor de grandes capacidades individuais. Figura notável do San Lorenzo-ARG e da Juventus Pentacampeã Italiana, foi também considerado pela imprensa internacional um dos melhores médios do mundo nas Copas de 1930 e 34, quando atuou com a camisa argentina e italiana, respectivamente. Fechando o meio temos Walter Nausch, personagem dos mais notáveis na execução do Wunderteam, a grande revolução tática da época. Ídolo do Austria Wien, s
eu QI de jogo impressionava, como um maestro que rege uma orquestra, era um líder, um futebolista especial.

Compondo a ofensiva poderosa, foram adaptados grandes gênios da época. A iniciar pela grande figura italiana, um dos melhores de todas as épocas, Il Peppino Giuseppe Meazza. Líder, boêmio, criativo, artilheiro, Meazza foi um jogador de desenvoltura e habilidade, com suas fintas e cortes estonteantes, costumava driblar os goleiros antes de marcar, numa jogada conhecida na Itália como “gol Meazza”. Jogando no meio, pela diagonal ou no ataque, armando ou definindo, foi o protagonista da Azzurra no Bicampeonato da Copa do Mundo (com grande destaque em 1934) e para muitos é o maior jogador italiano da história, o estádio San Siro, em Milão, foi batizado oficialmente com o seu nome.

No lado direito do ataque (inside forward), podendo flutuar toda a linha ofensiva, o genial Matthias Sindelar, o Homem de Papel. Mítico personagem do Wunderteam da Áustria, Sindelar tinha elegância nas ações, uma técnica apuradíssima, sabia criar jogadas e assinalar como poucos, foi um jogador cerebral, de desenvolturas evolutivas em seu tempo, ajudando na execução de novos conceitos do futebol. Idealista, desafiou até Hitler, tendo seu destino marcado pelo período nebuloso.

Centralizado, mas também podendo variar, o grande astro brasileiro Leônidas da Silva. Com sua ginga de corpo, técnica, dribles incríveis, deslocamento rápido, acrobacias e uma capacidade de gols impressionante, foi um dos atacantes mais perfeitos da história. Ídolo no Flamengo e dos maiores nomes da história do São Paulo, jogou a Copa de 34, mas tornou-se o Diamante Negro ao assombrar o Mundo em 1938, artilheiro e sendo considerado um jogador mágico.

Como quarto homem de frente, temos o György Sárosi, um dos futebolistas mais completos da história, com muita versatilidade e excelente nível técnico, era capaz de defender, armar ou atacar com muita qualidade. Atuou quase toda a carreira no Ferencváros-HUN, disputou também duas Copas do Mundo (1934 e 38), na segunda com notoriedade ajudou a Hungria a chegar na final.

Na ponta-esquerda, único legitimo Winger, aparece Raimundo Orsi. Argentino, que se naturalizou italiano, se destacou por Independiente-ARG e na Juventus-ITÁ, sendo muitas vezes campeão nos dois países. Foi fundamental na conquista Italiana de 1934, era um atleta ágil, habilidoso e inteligente, além de goleador.


FORMAÇÃO DOS SONHOS (Suplentes) II:

Zamora (Espanha) / Combi (Itália)
Pietro Rava (Itália)
Karl Sesta (Áustria)
Smistik (Áustria)
Sczepan (Alemanha)
Eddie Hapgood (Inglaterra)
Zsengellér (Hungria)
Alex James (Escócia)
Josef Bican (Áustria/Tchecoslováquia)
Arsenio Erico (Paraguai)
Nejedlý (Tchecoslováquia)

TÉCNICOS MAIS EMBLEMÁTICOS DA ÉPOCA: 

Vitorio Pozzo, único treinador a conquistar duas Copas do Mundo, suas leituras de futebol influenciaram a todos e transformou os italianos em potência. Entusiasta celebre, suas táticas privilegiavam a organização, uma defesa forte (um dos utilizadores do WW, com o Metodo Italian) e a boa conduta física. Apesar da personalidade forte, rígido e conservador nos seus projetos, era um grande conciliador de equipes. Descobriu grandes jogadores (principalmente para o Torino) e foi um dos primeiros a se preocupar na compactação dos espaços no campo. 

Hugo Meisl, em suas viagens trouxe para a Europa Central os melhores conceitos e deles agregou transformações notáveis, formando o Wunderteam. De um jogo mais físico, o futebol passou a ser atuado também por individualidades mais próprias dos jogadores. Primava pela movimentação constante e a partir dele também ocorre as primeiras inovações na piramide inglesa, com a inclusão de um falso 9 de movimentação constante na linha de ataque. Primava pelo jogo bonito e era um entusiasta, culto e cheio de voz. 

Herbert Chapman, um revolucionário inglês e influenciador nato. Com suas ideias nasceria o famoso esquema WM (marcação homem x homem), proveito das novas regras de impedimento. Mas seus trabalhos ganharam destaque ainda mais cedo, em relevância aos desempenhos do Huddersfield Town. Foi um especialista na formação de elenco, na descoberta e desenvolvimento de grandes jogadores. Chegaria ao Arsenal em 1925, mudando completamente o patamar do clube londrino e do jogo no mundo.