Surgiam os maestros escoceses, verdadeiro afronto ao jogo inglês, provocando intensa rivalidade nas Ilhas. Na Europa a chama se acendia pelo brilho técnico e maleável dos tchecos e húngaros, nasceria a brilhante escola de Danúbio. Enquanto na América do Sul o jogo dosava aspectos físicos e também cheios de artifícios mais próprios dos craques, sobretudo pelos uruguaios, que dominariam o futebol mundial. Com o desenvolvimento do futebol por todo o mundo e as derrotas da Grã-Bretanha nas Olimpíadas, podemos dizer que nessa época a Pirâmide dos criadores do football começava a se inclinar...
Vamos então para a equipe, uma homenagem com os possíveis jogadores mais emblemáticos entre 1920 a 1930. A organização tática escolhida é a padrão na época (2-3-5). Confira:
Na zaga, começamos pelo versátil e qualitativo Virginio Rosetta. Se destacava tanto nas laterais como na zaga, apresentando a mesma segurança, boa técnica e elegância. Revelado no Pro Vercelli vencendo duas vezes o Calcio, sua carreira ganhou mais fama quando virou uma bandeira da Juventus, ganhando outras seis vezes o Italiano, nesse período sendo chamado para a Seleção Italiana nos jogos Olímpicos de 1920, 24 e 1928. Seria também um dos campeões do Mundo em 1934. Era um defensor dotava de uma habilidade de organização rara para a época, fazendo a leitura do jogo e antecipando os atacantes. Seus botes eram precisos e era capaz de chutes poderosíssimos de longa distância. Para se falar do outro membro dessa defesa intransponível, é preciso reverenciamos, pois se trata do grande Marechal Uruguaio, José Nasazzi. Para alguns pesquisadores, foi o maior jogador da história uruguaia, sendo um dos maiores capitães de uma seleção nacional. Sua garra, inata disposição e força eram impressionantes, podendo tanto atuar na zaga, como nas laterais e a frente do campo. Unia a isso individualidades soberbas, capaz de desafazer dos atacantes e transformar a defesa em um ferrolho sem chaves.
O meio de campo é reforçado por intensa marcação, qualidade e acionamento ofensivo. Pelo lado direito, José Leandro Andrade, a Maravilha Negra do Uruguai. Dono de um preparo físico impressionante, com movimentação frenética na defesa ou chegando a frente, era um médio preciso nos desarmes ao deslizar carrinhos em forma de uma tesoura. Ao tomar o couro, jogava de cabeça erguida e com elegância, distribuía com maestria os passes ou lançamentos. Surgiu no Bella Vista e conseguiu ser ídolo nos dois grandes rivais gigantes do país, Nacional e Peñarol. Foi o grande protagonista da linha média na Celeste Olímpica, ajudando o Uruguai a conquistar duas Medalhas Olímpicas, três Copas América e a primeira Copa do Mundo. Mais ao centro optamos por Milutin Ivkovic, um defensor virtuoso que funcionava como zonal para a zaga. Se destacou sobretudo pela liderança, com voz e presença notável, sendo incansável para os objetivos de suas equipes. Nas Olimpíadas de 28 atuou mais como zagueiro, mas também sabia fazer o meio, como na Copa de 1930. Ídolo do SK Jugoslavija, também seria figura marcante do BASK Belgrad. Seu legado extracampo também foi memorável, mas lhe custando a vida. Era um ativista, que acabou perseguido, prezo e morto pela Alemanha Nazista. Para fecharmos essa trinca média, um dos astros do Sparta de Ferro, František Kolenatý. Habitual pela direita, também fazia o centro e a esquerda na linha mediana do campo, sempre com muita qualidade técnica e Inteligência. Representava a chamada classe europeia, com suas jogadas e entendimento coletivo.
A linha ofensiva dessa década oferece tudo: qualidade técnica, genialidade e poder de gols. A iniciar por um dos jogadores mais completos e talvez o mais versátil ou curinga da história, György Orth. Chegou a jogar na zaga, no meio, se destacou como centroavante e também atuou de ponta – posição ao qual escolhemos para nossa adaptação de equipe. Tendo como mestre o brilhante Hogan no esquadrão do MTK Budapeste, o avançado Orth adquiriu uma inteligência de jogo tocante, podendo defender, criar ou atacar e tudo isso com imensa propriedade.
Como Inside Forward direito, temos Hector Scarone, um dos melhores jogadores uruguaios de sempre e um dos melhores do mundo em sua época. Difícil para-lo, era um gênio de muita habilidade e velocidade, que entrava por dentro da defesa, com enorme capacidade de gols, fosse pelo Nacional (seu principal clube) ou na Celeste Olímpica. Foi oito vezes campeão uruguaio e pela Seleção alcançou três vezes a Copa América, participou das conquistas nas Olimpíadas e da Copa do Mundo, como um protagonista.
Na esquerda interno, temos o argentino Manuel Seoane. Não era um velocista, mas sua antecipação nas jogadas fazia com que sempre estivesse a frente dos marcadores, algo que lhe possibilitava muitos gols. Sua estética também lhe permitia passes certeiros, naquela máxima de quem deve correr é a bola. Ídolo gigante do Independiente-ARG, também foi autoridade na Seleção Argentina, vencendo três Copas Américas, tendo sido escolhido pela imprensa como o melhor jogador de duas dessas edições continentais.
Na ponta-esquerda (winger ou Outside Left), temos um dos chamados mestres escoceses, Alan Morton. Dado o nível individual que adquiriu o futebol na Escócia (Wembley Wizard), um dos maiores representantes foi o baixinho endiabrado Alan Morton. Era um verdadeiro demônio do drible, sendo um talento de equilíbrio entre velocidade e raciocínio rápido. Conhecido na época como The Wee Society Man, tornou-se lema para sua equipe, o Rangers. A estatura minúscula era compensada pela astuta rapidez e esperteza. Foi solene na goleada escocesa frente aos ingleses (5x1), deixando os inventores desorientados.
Tesoriere (Argentina) / Heinrich Stuhlfauth (Alemanha)
Károly Fogl (Hungria)
Caligaris (Itália)
Pešek Kada (Tchecoslováquia)
Luis Monti (Itália)
Álvaro Gestido (Uruguay)
Férénc Hirzer (Hungria)
Cea (Uruguay)
Dixie Dean (Inglaterra)
Baloncieri (Itália)
Orsi (Argentina/Itália)
TÉCNICOS MAIS EMBLEMÁTICOS DA ÉPOCA:
Jimmy Hogan, foi uma figura das mais míticas do futebol. Com suas inovações o jogo passou a quebrar com o estílo mais robusto e físico dos ingleses. Seria através desse britânico que nasceria a escola de Danúbio, basilares do futebol moderno, influenciando o futebol de forma mais técnica pela Áustria, Hungria e Tchecoslováquia. Foi o treinador de algumas das grandes equipes da história, como o MTK Budapeste e o Austria Vienna.
Herbert Chapman, um revolucionário inglês e influenciador nato. Com suas ideias nasceria o famoso esquema WM (marcação homem x homem), proveito das novas regras de impedimento. Mas seus trabalhos ganharam destaque ainda mais cedo, em relevância aos desempenhos do Huddersfield Town. Foi um especialista na formação de elenco, na descoberta e desenvolvimento de grandes jogadores. Chegaria ao Arsenal em 1925, mudando completamente o patamar do clube londrino e do jogo no mundo.