Nascido em Belém do Pará, no dia 19 de fevereiro de 1954, no seio de uma família que nos deu outro grande craque do nosso futebol, o mito São Paulino, Raí, seu irmão mais novo, Sócrates Socrátes Brasileiro foi assim chamado pois seu pai, era um grande fã da mitologia grega, e realizava a leitura do clássico "A República de Platão" na época do nascimento de seu filho. Seu Raimundo, o patriarca da família, aliás é uma figura de suma importância na história ímpar desse craque.
Seu Raimundo não era um apaixonado por literatura qualquer, decidiu batizar os seus três primeiros filhos com nomes de filósofos, a saber, Sócrates, Sóstenes e Sófocles. Dona Guiomar, a mãe, dizia-se tão confusa com os nomes quase iguais, que a partir do quarto filho seu Raimundo, usaria seu próprio nome como matriz para os filhos vindouros, Raimundo Junior, Raimar e Raí.
Da paixão dos livros do pai, veio até Sócrates uma cena que moldaria sua atitude durante toda a sua vida, uma cena trágica na verdade, que foi ver seu pai queimando na fogueira todos os seus preciosos livros, logo após o Golpe Militar de 1964, ato que foi replicado em muitos lares, pois de fato os militares impuseram fortíssima censura a ponto de definir o que poderia ser ou não lido, falado ou escutado. Aliás, também de seu pai, formado em três faculdades e funcionário público federal, veio a imposição dos estudos como prioridade. Mas a movida definitiva que o destino e Seu Raimundo trariam ao futebol, foi a sua transferência no posto de trabalho, o funcionário, fora realocado para Ribeirão Preto, cidade que serve de pano de fundo para o amadurecimento futebolístico e intelectual do craque.
Seu Raimundo não era um apaixonado por literatura qualquer, decidiu batizar os seus três primeiros filhos com nomes de filósofos, a saber, Sócrates, Sóstenes e Sófocles. Dona Guiomar, a mãe, dizia-se tão confusa com os nomes quase iguais, que a partir do quarto filho seu Raimundo, usaria seu próprio nome como matriz para os filhos vindouros, Raimundo Junior, Raimar e Raí.
Da paixão dos livros do pai, veio até Sócrates uma cena que moldaria sua atitude durante toda a sua vida, uma cena trágica na verdade, que foi ver seu pai queimando na fogueira todos os seus preciosos livros, logo após o Golpe Militar de 1964, ato que foi replicado em muitos lares, pois de fato os militares impuseram fortíssima censura a ponto de definir o que poderia ser ou não lido, falado ou escutado. Aliás, também de seu pai, formado em três faculdades e funcionário público federal, veio a imposição dos estudos como prioridade. Mas a movida definitiva que o destino e Seu Raimundo trariam ao futebol, foi a sua transferência no posto de trabalho, o funcionário, fora realocado para Ribeirão Preto, cidade que serve de pano de fundo para o amadurecimento futebolístico e intelectual do craque.
RIBEIRÃO PRETO
Aos dezesseis anos de idade, Sócrates ingressa no time juvenil do Botafogo Futebol Clube, o famoso Botafogo de Ribeirão, seu talento com a bola era algo que já saltava aos olhos, vindo de boa família, dispunha de excelente condição física e extrema inteligência, sendo considerado um líder desde seus primeiros passos no futebol. Porém, na casa de Sócrates estudar era prioridade, e o pai, mesmo sabendo que seu filho era um craque, obrigou o a firmar-se nos estudos, com tal disciplina, que o resultado foi a aprovação no vestibular de medicina, na USP Ribeirão Preto, uma das mais importantes do país na época!! E isso ocorreu aos dezessete anos, ou seja, um ano após seu ingresso no futebol, o que acontece a seguir é pura magia e raridade no mundo do futebol (e dos estudos). De uma maneira incrível o craque consegue conciliar os estudos e a bola, sendo por muitas vezes displicente nos treinos do time, nunca havia sido criticado por isso, mesmo que tenha provocado alguns comentários entre os companheiros de equipe, as jogadas decisivas e excepcionais saíam sempre de seus pés. Sócrates estreou como profissional no Botafogo, ao mesmo ano em que passara no vestibular, 1974.
Tudo seguia a pleno vapor até a chegada do lendário treinador Jorge Vieira, que achou aquela situação muito estranha, e já na primeira sessão de treinos, cunhou a frase: "Aqui, quem não treina, não joga!". Isso poderia ter sido mesmo um ponto final na carreira do médico ou do jogador, mas serviu ainda mais de incentivo para naquele ano de 1977, convencer seu treinador do contrário. E o fez, no mesmo ano em que o aluno Sócrates fora diplomado! Esse fato por si, já renderia uma boa conversa, não é? Porém o destino não pouparia capítulos na história desse jogador.
Jorge Vieira e o Botafogo, entrariam para a história. No mesmo elenco de Sócrates, atuava uma outra lenda do futebol, o ponta-direita José Mario Baroni, Zé Mário para os íntimos. Juntos, conseguiram alicerçar o Botafogo a um de seus feitos máximos, a Taça Cidade de São Paulo , o título do primeiro turno do Campeonato Paulista, raramente conquistado por equipes do interior, naquele mítico ano de 1977. O elenco chamou enormemente a atenção da mídia, e Zé Mário, veio a ser chamado a seleção brasileira, pelo treinador Osvaldo Brandão. A convocação não era qualquer uma, seria o primeiro jogador a integrar a seleção atuando por um clube do interior, isso em toda a história da seleção até então, lembrando que todos os craques, mesmo que atuando em times de menor expressão tinham até o momento vindo de capitais de seus estados. Porém, no auge da euforia, o título, a convocação do amigo, o diploma, uma dura notícia. Zé Mário, nos exames de rotina da seleção brasileira, é diagnosticado com leucemia, pelo também lendário Doutor Lídio Toledo, e falece poucos meses depois. A história do time em 1977 e de Zé Mário, permanece eternizada como um dos capítulos mais impressionantes do futebol, Zé com toda a certeza integraria o elenco da Copa de 1978.
CORINTHIANS - O INÍCIO DE UMA PAIXÃO
No fim do ano de 1977, a mídia esportiva só falava daquele time e de seus talentos, e claro, era notório que algum clube da capital já estivesse a mover os detalhes para sua contratação. Os jornalistas clamavam pelo jogador na seleção, mas isso nunca teria acontecido como jogador do Botafogo. Seu talento e especialidade em jogadas de calcanhar já era notável, destacando-se seu gol contra o Santos, usando o calcanhar, em plena Vila Belmiro. O Corinthians moveu-se e conseguiu trazer o craque no ano de 1978, e começaria ali, a história do clube com um de seus maiores ídolos. Após a formatura, o craque passou a se dedicar mais ao futebol, o que faria dele um jogador ainda melhor do já era. No Corinthians, ao lado de Palinha e Casagrande, o time que um ano após de quebrar um jejum de títulos que durava 23 anos, começava uma fase gloriosa em sua história. Pelo Timão foram 172 gols em 298 jogos oficiais.
A DEMOCRACIA CORINTHIANA
No início do ano de 1982, o já consolidado talento da seleção brasileira, atuava em um elenco que era apontado com um dos maiores do país, mas isso não estava se reproduzindo em campo. Assim como Sócrates, os craques Wladmir, Zenon e Casagrande, impressionavam por serem muito articulados, inteligentes e politizados. Então, um novo presidente chega no clube, e contrata um sociólogo, repleto de ideias antissistema, para a gestão esportiva do clube, esse seria o pontapé definitivo para grandes mudanças no funcionamento daquela equipe. Adilson Monteiro Alves, chega no Corinthians decidido a implantar um modelo socialista e democrático, que englobava desde os jogadores até funcionários de alta e baixa patente dentro do clube nas decisões da equipe. Apoiado pelos jogadores, tudo, mas absolutamente tudo dentro da equipe, de contratações, até salários, escalações e partilha de prêmios, passa a ser decidido, discutido e implementado coletivamente, sejam em assembleias, ou conversas informais, o grupo se reunia e decidia suas próprias leis.
O resultado positivo da gestão veio antes que a mídia (censurada e governista) ou que os próprios militares pudessem ou mesmo tivessem tempo de fazer algo, o desacreditado time de 1981, conquista o campeonato paulista de 1982, e dentro de campo, começa a fomentar as bases de muitos dos conceitos que seriam presentes na brilhante seleção de 1982. O título trouxe moral para a torcida, que apoiou massivamente o movimento, apelidando "subversivamente" de Democracia, regidos por um líder de nome sugestivo, Sócrates. Não era de se estranhar que o movimento tomasse conta da mentalidade dos militantes de esquerda, mas a surpresa foi a adesão de todas as classes de torcedores, e a sua imediata associação com o movimento das Diretas Já, que lutava para que o povo finalmente pudesse ir às urnas e decidir seu presidente, ser mais participativo nas decisões de seu país, assim como aqueles jogadores foram, na decisão dos mais variados itens em seu clube.
Sócrates adotara como característica, comemorar seus gols com o punho erguido e cerrado, como era o gesto comum dos Panteras Negras durate a luta do movimento racial americano nos anos 60, mais uma afronta ao regime estabelicido e demonstração da personalidade forte do jogador.
SELEÇÃO BRASILEIRA
Mesmo sem ter ganho uma copa do mundo, Sócrates fez parte de uma seleção que é dona de um título moral, o da Copa de 82. Aquele elenco, é citado por muitos como a geração do futebol brasileiro jogado em seu estado mais puro, mais genuíno. A primeira competição oficial de Sócrates com a seleção foi em 1979, uma Copa América, na qual o time acabou em terceiro lugar. Os títulos com a seleção são de pouca expressividade, destacando-se entre eles, a Copa da Inglaterra de 1981. Mas, outra característica de exceção desse jogador, é ser citado como um dos maiores nomes da seleção, mesmo não conquistando títulos de grande expressão. Com a camisa amarela, foram 25 gols em 69, números que pouca expressam a maestria, a condução de bola e elegância presentes na alma e estilo de jogo dessa lenda. Um dos feitos notados do craque, é ter sido nomeado como capitão e mentor intelectual na genial seleção brasileira de 1982.
FIM DA CARREIRA
Em 1984 Sócrates fez parte da geração que saía do futebol brasileiro para tenntar algo mais no futebol italiano, ao contrário de Zico, Falcão e Júnior, ele pareceu não se adaptar muito bem a vida na Europa, e permaneceu apenas um conturbada temporada no time da Fiorentina, onde seus excessos, com álcool e festas e drogas, começaram a falar algo mais alto que seu futebol. Em 85 o craque volta ao Flamengo, onde jogo até 1987, sendo um líder mais intelectual do que em campo de uma genial safra de novatos do Fla. O Craque ainda jogaria uma temporada no seu time de coração, o Santos, em 1988, até finalmente despedir-se dos gramados com a camisa de seu primeiro time como profissional, o Botafogo SP.
Como todos sabemos, nesse período, o craque teve muitos problemas na sua vida pessoal, e em virtude do abuso com álcool e drogas, nos deixou no dia 4 de dezembro de 2011. Mas não é nosso foco citar esses problemas, ou mesmo dar uma opinião objetiva sobre suas escolhas pessoais, políticas e ideológicas, mas sim enaltecer o grande talento, desse mito com a bola nos pés.
FICHA COMPLETA:
Nome: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Nascimento: 19 de fevereiro de 1954, Belém do Pará, Brasil. Faleceu em 04 de dezembro de 2011, em São Paulo (BRA).
Posições: Meia-Atacante.
Clubes: Botafogo SP (1974-1978 e 1989), Corinthians (1978-1984), Fiorentina (1984-1985), Flamengo (1985-1987), Santos (1988-1989)
Principais Títulos: Taça Cidade de São Paulo 1977; Campeonatos Paulista 1979, 1982 e 1983; Campeonato Carioca 1986; Taça da Inglatera 1981; Taça da França 1981.
Prêmios Individuais: Artilheiro do Campeonato Paulista de 1976; Bola de Prata Revista Placar 1980; Inclusão no Hall dos 100 craques do século pela revista especializada World Soccer, no ano de 1999.