Infelizmente para o futebol africano, muitos jovens migram para a Europa muito cedo, sequer disputando os principais campeonatos do continente. Vários, inclusive, se naturalizam (a França é uma autêntica importadora de africanos!) e não defendem a seleção de seus países de origem. Outros conseguem relevantes Mundiais nas categorias de base (sub-20 e sub-17 – ganeses e nigerianos, por exemplo), mas como profissionais só atuam em times europeus! Por isso, são raras as equipes africanas que conseguem êxitos ou campanhas relevantes em competições mundiais, ao contrário de algumas seleções, que fazem bonito em Copas do Mundo (Camarões, Gana, Nigéria, Costa do Marfim, Senegal, Marrocos, Argélia).
 
Entretanto, há ainda alguns times que conseguem aparecer bem no cenário internacional, com campanhas singulares em Mundiais de Clubes e muitos títulos continentais e nacionais. Vamos relembrar alguns deles:
 
AL AHLY: “o nacional” foi considerado pela CAF (Confederação Africana de Futebol) como o time do século XX do continente. A equipe do Cairo é a maior papa-títulos do mundo árabe. Seu grande rival no Egito é o Zamalek, no Derby do Cairo. Sua extensa coleção de conquistas inclui: em nível continental, 8 Ligas dos Campeões Africanos (a Champions da África), em 1982, 1987, 2005, 2006, 2008, 2012 e 2013; 5 Copas da CAF; 6 Supercopas; em nível regional, 1 Liga dos Campeões Arabes; 1 Recopa árabe e 2 Supercopas árabes; e em nível nacional, 41 campeonatos egípcios, 36 Copas do Egito, 10 Supercopas egípcias, 17 Copas do Cairo e 7 Copas do Sultão Hussein. Como campeã africana, participou de seis Mundiais de Clubes, chegando por duas vezes as semfinais, obtendo a medalha de bronze (terceiro lugar) em 2006, vencendo os mexicanos do America. Eis seu maior esquadrão:
 
2006 – El Hadary; Shaouki, Gomaa, Said e El Shater; Mostafa, Mohammed e Aboutrika; El Uahas, Flavio e Ashour.
Entre seus grandes ídolos temos: Saleh Selim, Said, Moher, Trezeguet, Ekramy, Sobhi, El Hadary, Aboutrika, Flavio e outros.
 
Plantel do Al Ahly na CAF Champions League 2005-2006
 
TP MAZEMBE: fundado em 1939 por monges beneditinos em Lubambashi, cidade do interior da RD do Congo, é o time da África Negra de maior sucesso internacional. A sigla TP de seu nome significa “Todo poderoso”! Seu grande rival nacional é o AS Vita Club, de Kinshasa, a capital congolesa.
Em nível doméstico, é o maior campeão: tem 17 campeonatos nacionais, 5 Copas do Congo e 3 Supercopas. Em nível continental, faturou em 5 oportunidades a Liga dos Campeões (1967, 1968, 2009, 2010 e 2015), 2 Copas da CAF e 3 Supercopas. Sua maior façanha ocorreu no Mundial de Clubes de 2010: após bater o Pachuca mexicano por 1 x 0, derrotou o favorito Internacional de Porto Alegre na semifinal, por 2 x 0 e só caiu diante da Internazionale de José Mourinho na decisão, por 3 x 0. Foi uma fantástica campanha que lhe rendeu o vice mundial! Eis seu timaço:
 
2010 – Kidiaba; Nkulukuta, Kimwaki, Mibayo e Kasusula; Bedi, Kasongo e Ekaniga; Kabugu, Kaluyitaka e Siguluma.
Entre seus ídolos, além desse jogadores, podemos destacar: Mputu, Mwepu, etc.
 
Robert Kidiaba ... - Veja mais em https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2017/05/04/por-onde-andam-os-jogadores-do-mazembe-que-surpreendeu-o-inter-em-2010/?cmpid=copiaecola
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Robert Kidiaba... - Veja mais em https://blogdorafaelreis.blogosfera.uol.com.br/2017/05/04/por-onde-andam-os-jogadores-do-mazembe-que-surpreendeu-o-inter-em-2010/?cmpid=copiaecola
Robert Kidiaba, o folclórico goleiro do Mazembe, comemorando a vitória sobre o Internacional de Porto Alegre em 2010, no Mundial de Clubes.
 
RAJA CASABLANCA: time marroquino de melhor performance internacional, foi fundado em 1949. É o terceiro clube de seu país com mais conquistas de campeonatos nacionais, ficando atrás do grande rival de Casablanca, o Wydad (WAC), e do FAR Rabat. Tem 11 títulos marroquinos. Em nível regional, faturou uma Liga dos Campeões Árabes. Seus maiores feitos são internacionais: além de ter vencido em duas ocasiões a Copa Afroasiática de Clubes, tem três conquistas da Liga dos Campeões da Africa (1989, 1997 e 1999), duas da Copa da CAF e 2 Supercopas. Pelo fato do Marrocos ter sido o país-sede do Mundial de Clubes de 2013, classificou-se para a competição, como campeão nacional. E aproveitou muito bem a oportunidade: batendo sucessivamente o Monterrey por 2 x 1 e o Atletico Mineiro de Ronaldinho Gaucho por 3 x 1, chegou a final, quando foi derrotado pelo Bayern Munique por 2 x 0. Tornou-se vice campeão mundial! Eis seu grande time:
 
2013 – Askri; El Haduni, Karrouchi, Oulhaz e Benlamalen; Guehi, Chtib e Montaouali; Iajour (Coulibaly), Hafidi e Erraki.
Para muitos torcedores, seu maior ídolo foi o meia El Haddaoui!
 
Outra eliminação icônica de um time brasileiro por um africano no Mundial de Clubes, essa é cantada até hoje pelos torcedores do Casablanca à plenos pulmões em seu estádio. Na foto, após a eliminação, os jogadores despem Ronaldinho Gaúcho, pedindo lembranças do confronto, demonstrando sua imensa admiração ao craque.
 
ZAMALEK: rival histórico do Al Ahly, foi fundado em 1911 como Qasr El Naal, mudando para Zamalek (nome de uma região do Cairo) apenas em 1952, após a Revolução Egipcia. Os “cavaleiros brancos”, como são chamados, nasceram exatamente para derrotar “os nacionais”! Embora não tenham atingido o patamar do arquirrival, colecionam títulos. Em nível nacional, possuem 12 campeonatos egípcios, 26 Copas do Egito, 2 Supercopas; regionalmente, 2 campeonatos afroasiaticos; e em nível continental, 5 Ligas de Campeões da Africa (1984, 1986, 1993, 1996 e 2002), 2 Copas da CAF e 3 Supercopas africanas.
Entre seus maiores ídolos, temos: Zaki, o nigeriano Amunike, Hassan, El Sayed etc.
 
Raro registro do Zamalek, campeão continental africano em 1984.
 
ESPERANCE: fundado em 1919 no Café Bab Soulka, em Tunis, é o maior vencedor de campeonatos nacionais da Tunisia, com 29 conquistas (a soma de títulos dos outros três grandes – Club African, Etoile du Sahel e Sfaxien chega a 28) e da Copa da Tunisia (15 vezes). Tem ainda em seu currículo uma Copa da CAF, um campeonato afroasiático, 3 Ligas dos Campeões Árabes e uma supercopa árabe, além de seus títulos mais relevantes: as quatro Ligas dos Campeões Africanos, em 1994, 2011, 2018 e 2019, sendo o atual bicampeão da competição continental.
Entre seus ídolos encontramos: o brasileiro naturalizado Clayton, Badri, Chaalali, etc.

Esperance de Tunis, campeão continental africano em 2019.
 
Além desses clubes, os mais vitoriosos em nível continental, outros ainda merecem menção honrosa, especialmente o Haifa de Guiné Bissau, time dominante no continente na segunda metade dos anos 70 (quando obteve dois títulos e dois vices na Liga dos Campeões da Africa) e o Canon Yaoundé,time camaronês que revelou jogadores como Womé, Songò, Kundé, Foe, Oman-Byik e Nkono, e venceu em três oportunidades a Liga dos Campeões (1971, 1978 e 1980).
 
E para você, torcedor amigo, há alguma outra equipe africana que poderia estar neste seleto grupo? Qual a melhor de todas elas?