A primeira joia dentre a miríade de artistas que definem a essência do jogo brasileiro. O primordial craque a levantar e impulsionar multidões nos estádios do Brasil. A gênese triunfal, o big bang da construção técnica, maliciosa, social e cultural do jogador brasileiro. O herói de epopeias magníficas. Esse foi Arthur Friedenreich, um jogador genial, de uma carreira tão espetacular que a linha tênue entre a realidade e o mito se confundem. Sua trajetória foi marcada por façanhas incríveis, gols sensacionais e uma história repleta de conquistas. A lenda começou nos românticos tempos do Amadorismo – ao qual ele tanto defendeu – e se encerrou as portas do profissionalismo, com um legado incomensurável a ecoar por todo o mundo.

Filho de um comerciante alemão, Oscar Friedenreich, e de uma brasileira negra descendente de escravos, Mathilde de Moraes e Silva, cuja profissão varia entre lavadeira e empregada domestica, Arthur Friedenreich nasceu dia 18 de julho de 1892, nas esquinas da Rua Vitória com  a  Rua Triunfo, n.º 8, localizadas no Bairro da Luz, próximo ao centro da cidade de São Paulo.  Naqueles tempos, muitas foram as transformações que cercavam sua infância e, porque não dizer, destino. Além dos próprios nomes das ruas demonstrando o que seria sua vida, apenas quatro anos antes do nascimento da lenda havia sido sancionada a lei (Áurea) de libertação dos escravos e, em 1984, o futebol seria importado para o Brasil pelas mãos & pés de Charles Miller. Coincidências ou não, o menino mulato sonhou desde muito cedo em ser futebolista.
 
Tendo uma infância pobre, numa casa pequena, o garoto inventivo e com certo imperativo buscava se divertir aprontando muito de suas “traquinadas”. Por vezes chegando a roubar as meias de sua mãe para confeccionar bolas (ou ainda bexigas de boi com ar comprimido), depois pulava a janela e saia chutando o redondo pelas ruas, imaginando ser um grande jogador do football. Desejo que contrastava com sua descendência afro-europeia, ao qual problematizava na grande intolerância racial daquele inicio de século XX, em que negros raramente eram aceitos em praças esportivas de elite. Sua combinação genética única, de metabolismo para porte físico magro, olhos esverdeados, cabelos crespos e uma pele mulata, fez Friedenreich andar na corda bamba entre o talento de criolo e a estigma de europeu. Algo que, por outro lado, lhe possibilitaria circular tanto nos clubes da elite paulistana quanto na várzea dos chamados pobretões.

Como muitos outros aquela época conheceu o futebol através de Charles Miller, sendo por intermédio de um tio alemão influenciado a inscrever-se para jogar no Germânia, clube de maiorias alemães. O jovem acabou, contudo, inicialmente impedido por ser mulato. Sendo graças a intervenção de Hermann Friese, que o clube de origens germânicas revogou as proibições, assim possibilitando Arthur Friedenreich dar os primeiros passos como jogador, em 1909. Treinado por Friese, o craque reinventou o jogo dando-lhe ingredientes mais insinuantes, maleáveis e perfeccionistas, chegando ao seu esplendor como o próprio relatou em sua autobiografia: Fui aperfeiçoando meus recursos olhando Charles Miller, chutando a redonda sob seu olhar, que foi assim como o meu professor primário no futebol. Mas coube a Hermann Friese, que fora campeão no futebol alemão, me ensinar o secundário e o superior. Com ele, comecei a subir a ladeira e cheguei à efetivação no nível mais alto do futebol”.

 
 
Fazendo cursos em sua juventude aprendeu falar o inglês e o francês, além de dominar o alemão fluentemente em sua estadia no clube germânico (atual Pinheiros). Para se sentir menos deslocado, em meio aos olhares do esporte das elites, precisava usar uma touca ou esquentar a cabeça esticando os cabelos pixaim, além de borrifar com rouge o rosto para um tom mais claro. Nos estudos de Engenharia também chegou a defender o clube Mackenzie College, sendo artilheiro pela primeira vez do estadual (com 16 gols), em 1912. Pouco depois, fez parte do primeiro jogo oficial da Seleção Brasileira, em duelo contra o Exeter City, dia 21 de julho de 1914. O craque raras vezes se contundiu em sua carreira, uma das poucas vezes ocorreu nesse match. Apesar de não marcar gols na vitória do Brasil por 2 a 0, mostrou sua coragem contra defensores ingleses, chegando a perder dois dentes numa disputa violenta. Essa coragem mais tarde lhe renderia a alcunha de El Tigre. Se destacaria naquele ano também quando os brasileiros inauguraram os jogos da Copa Rocca, vencendo os argentinos, e chegou ao primeiro Sul-Americano dois anos depois, em Buenos Aires, adquirindo a grande fama de EL TIGRE, por sua valentia e excepcionais qualidades técnicas.

Com bastante criatividade em suas ações no jogo, foi um pioneiro no chute de efeito, na finta e no drible de corpo - muitos atribuem a ele a invenção dessas jogadas. Tinha um bom porte físico, com 1,75 de estatura e 54 kg. Como a maioria dos homens, chegou a possuir algumas vaidades ao longo da vida, gostava de vestir ternos de linho irlandês, tomava conhaque francês na confeitaria Vienense e fumava cigarros Pour La Noblese. Mas foi com suas grandes habilidades nos campos, com arrancadas irresistíveis e agilidade nos movimentos, que se destacava, fazendo com que, aos poucos, muitos já nem reparassem em sua aparência mulata. Notavelmente era um craque prodígio e passava a ser cobiçado para jogar em todos os cantos. O próprio afirmou em autobiografia: “Fui infalível ali naquelas domingueiras, chegando a correr três matches de enfiada, mudando camisas com a mágica de um transformista. Tirava a de um clube, e logo enfiava a de outro" . Assim, passou ainda por curto período nos primeiros quadros do Americano de SP, no Clube Atlético Ypiranga (foi artilheiro do estadual de 1917, com 15 gols) e também no Paysandu, até finalmente, em 1918, jogar pelo Club Athletico Paulistano, seu principal clube.
 

"Esse mulato de olhos verdes fundou a maneira brasileira de brincar. Ele rompeu com os preceitos ingleses: ele ou o demônio que entrou na sola de seu pé. Friedenreich levou ao solene estádio dos brancos a irreverência dos garotos de cabelo castanho que se divertiam em disputar uma bola de farrapos nos subúrbios. Assim nasceu um estilo, aberto à fantasia, que prefere o prazer de resultar. De Friedenreich em diante, o futebol brasileiro que é brasileiro realmente não tem ângulos retos, como as montanhas do Rio de Janeiro e os prédios de Oscar Niemeyer ". – escreveu o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano. Na Imagem Friedenreich com a camisa do Paulistano.
 
Após conquistar os estaduais de 1905, 1908, 1913 e o Bicampeonato de 1916-17 ainda sem contar com El Tigre, o poderoso C.A. Paulistano (de Rubens Salles, Formiga, Sérgio, Mário Andrade & outros craques) adquiriu  o protagonismo de Friedenreich nos anos seguintes e tornou-se o único clube na história a conseguir o Tetracampeonato Paulista (1916 a 19). Na conquista de 1918, na época decidida por menos pontos perdidos, o Paulistano teve uma luta duríssima pela taça com outras três equipes (Santos, Corinthians e AA Palmeiras), tendo Fried sido fundamental como artilheiro do certame (25 gols) e nos duelos decisivos nas cabeças: assinalando 2 gols nos 7 a 3 frente ao Santos (20/04), os dois gols na vitória por 2 a 1 diante da A.A. das Palmeiras (18/08) e o único gol no triunfo de 1x0 frente ao Corinthians, dia 22 de dezembro. Se notabilizava pela rapidez e um drible estonteante, sempre difícil de alcança-lo. Andava de joelhos nus para ter os movimentos mais soltos e conservou-se com um bom físico. No ano seguinte,  por duas vezes, Fried marcou quatro gols em um único jogo (nos 6x1 diante do São Bento e nos 7x0 frente a AA Palmeiras), depois veio a pausa para o Sul-Americano, ao qual ele terminaria consagrado. No retorno ao estadual, diante dos maiores concorrentes do clube do Jardim Américo, Fried foi novamente inapelável, marcou na vitória por 2x1 frente ao Palestra Itália e assinalou duas vezes nos 4x1 diante do Corinthians, em êxitos fundamentais para a gloria, terminando como goleador máximo, com 26 gols.
 

O chute de Friedenreich abriu o caminho para a democratização do futebol brasileiro.”
- escreveu o jornalista Mário Filho, no livro "O negro no futebol brasileiro".


Seu grande apogeu, certamente, ocorreu na conquista do Sul-Americano de 1919, onde brilhou como astro do torneio e foi considerado o melhor jogador brasileiro. Assinalou um hat-trick na estreia contra o Chile (6x0), fez construções ofensivas contra a Argentina (3x1) e marcou o gol do título na estafante decisão de tempos extras contra o Uruguai. Nas comemorações foi carregado no campo e depois pelas ruas do Rio de Janeiro, tendo suas chuteiras ficado expostas numa joalheria na Rua do Ouvidor, com as pessoas lá estacionadas para admirar. Foi a primeira manifestação da massa em torno de um nome do futebol - relembrou o jornalista Máximo. Pixinguinha ainda compôs o choro “Um a Zero”, em sua homenagem. Sediando novamente o torneio, o Brasil conquistaria o Bicampeonato do Sul-Americanao em 1922 e Friedenreich, apesar de não estar pleno ou marcar gols, ajudou a equipe no grande feito. 

Ocorreria nova conquista estadual do Paulistano em 1921, com mais uma artilharia de Fried, foram 33 gols no geral, chegando a marcar todos os tentos na goleada sobre a Portuguesa por 5x0, 4 gols na contagem de 12x1 diante do Ypiranga, além de outras cinco vezes ter feito três gols em um único jogo na campanha. Também pela Seleção Paulista, Fried obteve destaque quando tornou-se Campeão Brasileiro de seleções estaduais em 1922 e 23, com  a artilharia em 22. Personagem maior da fina flor dos craques do Paulistano, Friedenreich tornou-se ainda mais famoso quando, em 1925, a equipe fez uma brilhante e pioneira excursão à Europa.


Logo na estreia, dia 15 de março, os brasileiros deram demonstrações espetaculares por 7 x 2 contra o Selecionado Francês, sendo dois gols de Fried, fazendo a imprensa francesa considera-los "Les Rois du football" (Reis do Futebol). Onze dias depois, veio o triunfo por 3x1 frente ao Stade Français, com Fried novamente deixando o seu. Após a única derrota (1x2, em 29/03), a equipe reencontrou a vitória dia 02 de abril vencendo o Bastidienne (Bordeaux) por 4 a 0, com tres gols de Friedenreich. Dois dias depois, venceu por 2 a 1 o Havre/Normandie por 2x1, tendo Fried aberto o placar. Repetiram a dose cinco dias depois, na estreia pela Suíça, diante do CS Strasburgo, com o El Tigre deixando o seu. Depois de venceram por 2x0 o FC Berne e o campeão Suíço Young Fellows por 1x0, Friedenreich voltou a assinalar pelo Paulistano na vitória sobre o CA Rouen por 3x2, dia 19 de abril. Em terras Lusitanas, nove dias depois, a Seleção Portuguesa sofreu inapelável derrota por 6x0, Fried marcou duas vezes, isso com a equipe brasileiro deixando o gramado antes do fim do jogo para não perder horário do navio, em retorno ao Brasil. O CA Paulistano encerrou somando 30 gols em 10 jogos pelo exterior, com Fried marcando 11 vezes. Foram 9 vitórias alcançadas pelo Reis do Futebol, em atuações pela França, Suíça e Portugal. Fried tornou-se o primeiro “Roi du Football” (Rei do futebol) e foi recebido como herói nacional, inclusive pelo então presidente Artur Bernades. 

Após a excursão, com mais uma cisão no futebol paulista, o Paulistano passou a disputar as Ligas da LAF a partir de 1926, sagrando-se campeão daquela edição. Assim como dos certames de 1927 e 29, ambas com às artilharias de Fried, que também foi o máximo marcador de 28, chegando a fazer incríveis 7 gols na vitória do Paulistano por 9x0 frente ao União da Lapa, dia 16 de setembro daquele ano, batendo um recorde de época. Friedenreich se dedicou 11 anos no Supercampeão e chegou a possuir direito de uma carteirinha de sócio militante.

 
 
José Moraes dos Santos Neto, em seu livro Visão do jogo no Brasil, qualifica suas gambetas (movimentos oscilantes do corpo) como mágicas; e ele afirma que era um jogador corajoso, de performance bonita, capaz de continuar brincando com dois dentes quebrados pela violência daqueles que não podiam detê-lo. Na Imagem Friedenreich com a camisa do São Paulo.

Com o fim das atividades do Paulistano em 1930, grande parte dos sócios do clube migraram para fundar o São Paulo F.C., em 25 de janeiro daquele ano. Friedenreich foi um dos grandes personagens da fundação do novo clube, que passou a jogar no campo da Floresta. Ao lado de outros vultos, formou a equipe conhecida como Esquadrão de Aço ou Tigres da Floresta (com Clodô, Barthô, Luisinho, Araken, Armandinho & outras feras), ajudando o clube a conquistar o primeiro Campeonato Paulista em 1931, após golear o Corinthians por 4 a 1. Fried teve grande destaque na campanha marcando 30 gols. No ano seguinte, voltou a obter marcas importantes, marcando 32 gols em 26 partidas no estadual. Em 1933, dia 12 de março, participou do primeiro jogo profissional da história do futebol brasileiro e foi autor do primeiro gol sob novo regime (Santos 1x5 São Paulo, na Vila Belmiro). Depois, chegou a deixar o futebol de lado por um tempo por motivos extra-campo.
 
Mobilizando cerca de quase 3 mil companheiros esportistas, Friedenreich montou e chefiou um batalhão, passou de sargento a tenente com uma frota de 800 homens, lutando na fervilhante Revolução Constitucionalista de 1932, contra o governo de Getúlio Vargas. Influenciou pessoas comuns e desportistas para se alistarem. “Esportista há mais de 20 anos, como sabeis, sinto a energia física e moral que todos vós, também esportistas, certamente o sentis. [...] Sinto-me com o direito de vos dirigir um veemente apelo para que imiteis meu gesto, inscrevendo-vos na mobilização esportiva, a fim que todos juntos defendamos a causa sagrada do Brasil. Tudo por São Paulo, num Brasil unido”. Ficou vários anos no frount, chegando a ser dado como morto segundo várias emissoras de rádio e jornais de São Paulo. O país inteiro ficou de luto. Então, tempo depois, veio a Rádio revelar que os sistemas respiratório e circulatório do craque ainda funcionavam.

De volta da Guerra retomou a carreira e atuou até 1935, tempo para torna-se um grande ídolo do tricolor paulista. Em 81 partidas disputadas pelo São Paulo, Fried marcou 63 gols e ostenta uma média de 0,814 gol por jogo, o maior artilheiro são-paulino por média na história. Sua última partida pelo São Paulo aconteceu no dia 02 de setembro de 1934, na vitória sobre o Palestra Itália por 1×0. O gol foi marcado pelo próprio Friedenreich, aos 18 minutos do segundo tempo. Chegou ainda a atuar pelo Atlético MG, Santos, entre outros times e combinados. Encerrando de vez suas apresentações no Flamengo, em 1935, aos 43 anos.
 
 
Símbolo de malícia, de virtuosidade, possuidor de incrível genialidade nas ações, Friedenreich se notabilizou principalmente por ser um perigo constante das defesas, com seus arremates indefensáveis. Talvez, por isso, tenham se criando tantas lendas em torno do mito. A maior talvez seja sobre seus gols, baseados nas anotações de Oscar (pai de Fried), repassadas a Mário de Andrade, que nunca chegou a mostra-las de fato, mesmo assim o jornalista Adriano Neiva da Motta e Silva, o De Vaney, anunciou a conta de 1.329 gols. Ao que se consta seriam 1.329 partidas e 1.239 gols, tendo DVaney se equivocado e trocado a numeração. A FIFA chegou a condecorar as contas, mas após conferir os números de Fried nos jornais Correio Paulistano e o Estado de SP, o pesquisador Alexandre da Costa chegou a dois números bem diferentes: 554 gols em 561 partidas. E afirmou: "Não quis destruir o mito". (...)"Adoro o Fried. Apenas quis esclarecer essa questão". Porém,  uma nova publicação, o livro Fried vs Pelé, de Orlando Duarte e Severino Filho, foram publicados novos resultados: 558 gols em 562 partidas.  Assim, não se sabe ao certo quantos gols teria marcado o lendário craque, com muitos dos seus jogos sem fichas conclusivas de placar e autores dos gols, ou mesmo muitas partidas com tempo de duração diferente (como Torneios Inicio), além de jogos por combinados. Tudo bem, o fato é que Friedenreich foi um extraordinário goleador!

Chuteiras penduradas e vida longe dos campos, Friedenreich virou funcionário da Companhia Antarctica Paulista (atual Ambev). Foi embaixador da marca e durante quase três décadas viajou o Brasil divulgando a empresa. Não chegou a ficar rico ou alguma outra carreira no meio esportivo, apos o trabalho de propaganda viveu de forma humilde e sempre reservada. Nos últimos anos, chegou a escrever uma auto-biografia.
 
 
Arthur Friedenreich faleceu no dia 6 de setembro de 1969, aos 77 anos. Um adeus do mundo físico, pois, seus extraordinários feitos estão eternizados como uma das lendas primordiais do futebol mundial.
 
FICHA COMPLETA:

Nome: Arthur Friedenreich

Nascimento: 18 de julho de 1892, São Paulo, Brasil. Faleceu em 06 de setembro de 1969, em São Paulo (BRA).

Posições: Atacante ou Centroavante.

Principais clubes: Germânia (1909 e 11), Ypiranga (1910, 13, 1914-15 e 1917), Mackenzie (1912), Americano (1913), Paysandu (1915 e 16),  Flamengo (1917 e 35), Paulistano (1916, 1917 a 1929), Internacional/SP (1929), Atlético MG (1929), Atlético Santista (1929), Santos (1929 e 35) e São Paulo (1930 a 35).

Principais Títulos:  Copa América (Sul-Americano de Seleções) de 1919 e 1922; Copa Roca 1914; Campeonatos Paulista 1918, 1919, 1921, 1926, 1927, 1929 e 1931; Copa dos Campeões Estaduais de 1920 e 1932; Taça Ioduran 1918 e Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais de 1922 e 23.

Prêmios Individuais: Artilheiro da Copa América de 1919, do Campeonato Brasileiro de Seleções estaduais em 1922 e dos Campeonatos Paulista de 1912, 14, 17, 18, 19, 21, 27, 28 e 1929; eleito o Melhor jogador Sul-Americano em 1919; eleito um dos 100 melhores jogadores do século XX pela eleição internacional da revista italiana Il Venerdi e considerado o 5º Maior jogador Brasileiro, 13º maior sul-americano e 54º do mundo no século XX pela IFFHS.